Depois de quarta-feira, um dos monumentos mais emblemáticos da capital alemã se ter iluminado com as cores da bandeira da Ucrânia, hoje foi a vez de centenas de pessoas encherem a praça mesmo em frente às Portas de Brandeburgo.
Carlotta, alemã de Berlim, vai escrevendo várias mensagens num cartaz azul e amarelo.
"Sou daqui, mas tenho amigos ucranianos. Estou aqui em solidariedade com o país e para pedir o fim da guerra (...) Escrevi numa 'estamos com vocês' e 'paz para a Ucrânia'", contou, em declarações à agência Lusa.
Acredita que as sanções chegaram "um pouco tarde". Já Mascha, ucraniana a viver na capital alemã, considera que os esforços da Alemanha não têm sido suficientes.
"Não sinto que nos apoiem. Agora é importante dar à Ucrânia armas, porque o país não tem dinheiro", lamentou, agarrada a um lenço oferecido por um familiar.
"A minha família está na Ucrânia e quero apoiá-los de todas as formas possíveis (...) Estão a tentar vir para cá, mas agora as fronteiras estão fechadas e não conseguem. A minha mãe está cá comigo, mas o resto da família está toda na Ucrânia", confessa com tristeza a ucraniana da zona de Lutsk.
Um pouco mais atrás está Kyra, que segura um cartaz com a mensagem "Stop Putin". Para a jovem russa, a viver há cinco anos em Berlim, sair à rua é fundamental nesta altura.
"O meu país acabou de invadir outro, e para mim isso não faz qualquer sentido. Estou contra o Putin, estive sempre, aliás. Infelizmente não posso fazer nada para pará-lo. Mas espero que as pessoas consigam ver", sublinhou, emocionada.
"Não há ninguém na Rússia que possa pará-lo nesta altura, por isso é necessário que alguém o faça (...) Isto está a ultrapassar as minhas piores expectativas", destacou.
Annalena Baerbock, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, disse hoje que Berlim e os aliados da Alemanha vão aplicar "sanções mais severas" contra a Rússia.
Para Kyra é claro que o novo executivo do chanceler Olaf Scholz "ainda não está a fazer o suficiente".
"As sanções até agora só estão a afetar a económica da Rússia, mas não as pessoas que estão no poder. Não há sanções contra o Putin, por exemplo. É inaceitável a Alemanha negar ajuda à Ucrânia. Eles vão lutar, mas não o podem fazer sozinhos. Não é possível ser neutro nesta situação, ou se é a favor da Ucrânia, ou se permite que a Ucrânia sofra", realçou.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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