"Temo um agravamento do sofrimento, com a possibilidade de um número massivo de vítimas e de destruição de importantes infraestruturas civis (...), assim como de deslocados, de traumatismos, de separações familiares e de desaparecimentos", disse, numa declaração escrita.
"Esta nova fase de combates na Ucrânia dá-me arrepios. A intensificação e a extensão do conflito corre o risco de provocar mortes e destruição de uma amplitude assustadora, dada a imensa capacidade militar em jogo", prosseguiu Peter Maurer.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
Na mesma declaração, Maurer exigiu às partes em conflito na Ucrânia que respeitem o direito humanitário internacional, incluindo as Convenções de Genebra, que não visem bens civis e infraestruturas essenciais, nomeadamente as redes de distribuição de água, de gás e de eletricidade, e que assegurem, entre outros, o fornecimento de habitações civis, de escolas e de instalações médicas.
"Os ataques desencadeados com a ajuda de novas tecnologias e de meios cibernéticos devem igualmente respeitar o direito humanitário internacional", insistiu.
A prioridade do Comité Internacional da Cruz Vermelha, no qual a neutralidade é um princípio fundamental, é poder continuar a ajudar as pessoas.
Por exemplo, esta semana, entregou 3.000 litros de água potável ao hospital de Dokuchaevsk e enviou outros 7.000 ao município de Donetsk.
"Prosseguiremos igualmente o diálogo bilateral e confidencial entre as partes em conflito, a fim de proteger as pessoas afetadas pelos combates", concluiu Maurer.
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