"Claramente, a diplomacia falhou, mas a mediação e o diálogo são a única saída para este conflito, não há outra saída", afirmou Cyril Ramaphosa, em declarações aos jornalistas, depois de participar num Fórum Nacional Intergovernamental de Litígios na cidade sul-africana de Pretória.
"Apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que faça o seu trabalho de mediação, se alguma vez houve um momento no mundo em que o Conselho de Segurança da ONU tivesse de intervir, este é o momento", acrescentou, na sua primeira declaração pública sobre o conflito.
Apesar do poder de veto da Rússia e do facto de Moscovo deter atualmente a presidência rotativa, Ramaphosa argumentou que aquele pode ser o fórum eficaz para lidar com a crise.
Não se referindo à operação russa como uma "invasão", Ramaphosa adiantou também que manteria conversações com o governo de Vladimir Putin bem como com os Estados Unidos.
"Estamos prestes a iniciar discussões com a Rússia e os Estados Unidos", disse o chefe de Estado aos jornalistas.
"Não há necessidade de as pessoas morrerem e serem mortas quando há a possibilidade de mediação", acrescentou.
Questionado pelos jornalistas, confirmou também que a NATO tinha consultado a África do Sul sobre o conflito, mas não deu mais pormenores sobre o assunto.
Na quinta-feira, após o lançamento das operações militares russas contra a Ucrânia, o governo sul-africano - num comunicado emitido pelo seu Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional - afirmou estar "consternado" com a escalada da situação e apelou à "retirada" imediata das forças russas.
Antes, a África do Sul tinha mantido o silêncio público, aliás criticado, sobre a ameaça à Ucrânia.
Pretória e Moscovo mantêm relações estreitas e são parceiros no bloco de potências emergentes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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