"Houve um aumento nos indicadores acima dos níveis de controlo às 03:20 (01:20 em Lisboa)", disse o subdiretor do departamento ucraniano para questões de segurança em instalações nucleares, Alexander Grigorach, citado pela agência francesa de notícias AFP.
"Não podemos verificar [o que se passa], porque todos os funcionários foram retirados" das instalações, explicou Grigorach.
O parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) também indicou, na sua conta na rede de mensagens Telegram, que o sistema de controlo automático emitiu um aviso de aumento de "raios gama", um sinal de radioatividade, sem especificar o nível.
"Por causa da ocupação e das hostilidades, atualmente é impossível estabelecer as causas" para estas leituras, indicou.
Um porta-voz do exército russo assegurou, por sua vez, não haver necessidade de preocupações com a segurança do reator que explodiu em 1986, lançando então radiação para parte da Europa, nem com as instalações nucleares, garantindo, ao contrário do referido pelos ucranianos, que os funcionários da central continuam no local.
"Foi alcançado um acordo com um batalhão da força de segurança de energia atómica da Ucrânia para a segurança conjunta dos blocos de energia e do abrigo da central nuclear de Chernobyl", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
"A radiação na zona da central nuclear está dentro dos níveis normais", assegurou, afirmando que "os funcionários da central (...) estão a monitorizar a situação da radioatividade".
A cooperação entre soldados russos e ucranianos para garantir a segurança da central "é uma garantia de que as formações nacionalistas ou outras organizações terroristas não poderão usar a situação do país para criar uma provocação nuclear", acrescentou o porta-voz.
O pior acidente nuclear da história ocorreu em 26 de abril de 1986 na Ucrânia - que era, na altura, uma das 15 repúblicas soviéticas -, quando um reator da central de Chernobyl, localizada a cerca de 100 quilómetros de Kiev, explodiu, contaminando cerca de três quartos da Europa, especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia.
Quase 350.000 pessoas tiveram que ser retiradas de um perímetro de 30 quilómetros ao redor da central nuclear.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O controlo sobre a central nuclear de Chernobyl foi perdido para os russos, depois de intensos confrontos na zona.
Mykhailo Podolyak, um conselheiro do Presidente ucraniano, admitiu que se desconhece, depois dos combates registados na zona, em que condições estão as instalações da central, onde há um abrigo de proteção e uma unidade de armazenamento de resíduos nucleares.
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