Kiev lança site para russos conhecerem destino de soldados mortos
As autoridades ucranianas lançaram hoje uma página na Internet que permite aos próximos de soldados russos mortos em combate no país conhecerem o seu destino, uma vez que a Rússia não divulga as suas perdas.
© Getty
Mundo Ucrânia
No quarto dia da invasão da Ucrânia pela Rússia, a página, batizada 200rf.com, em referência ao código usado pelos soldados mortos em combate, passa a divulgar fotos de passaportes ou documentos militares pertencentes a soldados russos alegadamente mortos desde a invasão do país.
São, ainda, divulgados vídeos de soldados russos alegadamente feitos prisioneiros, bem como o nome e local de origem de alguns deles.
"Sei que numerosos russos querem saber como e onde estão os seus familiares, os seus filhos, os seus maridos, e o que lhes aconteceu", explica, num vídeo colocado no site, Viktor Andrusiv, conselheiro do ministro do Interior ucraniano.
Segundo Kiev, o Exército ucraniano matou mais de 4.300 soldados russos e fez prisioneiros perto de 200. Moscovo não divulgou nenhum dado sobre as perdas sofridas desde o início da ofensiva, na madrugada da passada quinta-feira.
O dirigente da República russa do Daguestão, no Cáucaso, Serguei Melikov, foi o primeiro responsável a reconhecer, hoje, a morte de um soldado russo na Ucrânia.
Na sua página oficial no Instagram, Melikov prestou uma homenagem a um oficial que, segundo escreveu, foi morto durante "a operação especial de defesa do Donbass", no leste da Ucrânia.
O regulador russo dos media ordenou sábado a supressão dos conteúdos dos meios de comunicação do país de todas as referências a civis mortos pelo Exército russo na Ucrânia, bem como os termos "invasão", "ofensiva" ou "declaração de guerra".
Moscovo é acusada de, desde o início da crise com a Ucrânia, em 2014, camuflar as suas perdas militares entre os que combateram apoiando os separatistas pró russos no Leste. Este apoio foi sempre desmentido, até à invasão em curso.
O político liberal russo Lev Schlossberg sugeriu, recentemente, que o Exército russo utilize crematórios móveis para queimar os corpos dos soldados mortos em combate.
"Não há guerra. Não há mortos. Não há baixas. As pessoas simplesmente desaparecem. Para sempre", escreveu no seu blogue.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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