Guterres aponta urgência de reinventar cooperação e governação mundial
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu hoje a necessidade urgente de reinventar a cooperação e a governação a nível mundial, para que continuem ao alcance a paz, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
© Lusa
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António Guterres juntou-se, com a emissão de uma gravação em vídeo, à sessão solene comemorativa do 732.º aniversário da Universidade de Coimbra, que decorreu de manhã na sala dos Capelos.
Ao longo da sua intervenção, aludiu aos vários flagelos que vêm assolando o mundo, entre os quais a pandemia, a crise climática, a poluição, a perda de biodiversidade, o aumento das desigualdades, bem como "os conflitos cruéis e as tensões geopolíticas".
"Estes problemas ilustram a necessidade urgente de reinventar a cooperação e a governação a nível mundial para que as nossas aspirações comuns de paz, desenvolvimento sustentável, direitos humanos e dignidade para todos continuem ao nosso alcance", apontou.
Poucos dias depois da Rússia ter lançado uma ofensiva militar na Ucrânia, António Guterres lembrou "os milhões de pessoas que são forçadas a deixar as suas casas".
"A desconfiança entre as potências mundiais atinge o seu clímax, a confiança entre pessoas e instituições deteriora-se. A verdade é posta em causa, entidades sem escrúpulos aproveitam-se do caos do espaço digital, teorias da conspiração, desinformação e ódio fomentam clivagens sociais e a polarização", referiu.
O secretário-geral da ONU aproveitou ainda para destacar o relatório "A Nossa Agenda Comum", que apresentou recentemente, e que pretende dar "um contributo significativo" para o debate e procura de soluções para enfrentar os desafios com que o mundo se depara.
"É um relatório que visa reforçar a Agenda 2030, com vista a uma melhoria efetiva da vida das pessoas, colocando as gerações futuras no centro dos nossos esforços. Neste contexto, convocarei para setembro próximo, em Nova Iorque, uma cimeira sobre a transformação da educação", informou.
António Guterres, que recebeu hoje o Prémio Universidade de Coimbra, aproveitou também para abordar a questão da covid-19, que considera ter provocado "uma perturbação do ensino sem precedentes", agravando as desigualdades no acesso à educação.
"Enquanto antigo docente, sei bem como esta crise no ensino é prejudicial para os jovens e como traz também graves consequências para o futuro das nossas sociedades. Sem sistemas educativos eficazes, não seremos capazes de responder às necessidades do mercado de trabalho, de promover os direitos humanos e a igualdade de género ou de fortalecer as instituições democráticas", frisou.
Por isso, entende que a cimeira sobre a transformação da educação é "uma primeira oportunidade para os líderes mundiais, os jovens e todos os interessados em educação unirem esforços".
"Representa uma oportunidade para reavivar o nosso compromisso coletivo para com a educação como um bem público primordial e uma fonte de progresso. Basear-se-á numa perspetiva inovadora da educação, de maneira a que os alunos não apenas aprendam, mas aprendam a aprender, a pensar por si mesmos e a pôr a sua curiosidade ao serviço do bem comum", concluiu.
O Prémio Universidade de Coimbra distingue anualmente uma personalidade portuguesa de inequívoco valor nas áreas da cultura, economia e gestão ou ciência e inovação.
Nascido em Lisboa a 30 de abril de 1949, António Guterres foi primeiro-ministro de Portugal (1995-2002), Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (2005-2015), exercendo atualmente as funções de secretário-geral da ONU, desde o dia 01 de janeiro de 2017.
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