O dia da assinatura dos acordos de Doha "como resultado da 'jihad' e dos sacrifícios da nação afegã (...) será recordado como um dia honroso na história do nosso país", disse o porta-voz adjunto do governo talibã, Ahmadullah Wasiq.
A reunião contou com a presença de alguns funcionários do governo talibã, que em agosto passado tomou o poder no Afeganistão, incluindo o mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador dos talibã e chefe de gabinete do gabinete de ministros, o vice-primeiro-ministro do Afeganistão, Abdul Salam Hanafi, e o porta-voz do governo, Zabiullah Mujahid.
Num discurso público, Mullah Abdul Ghani Baradar exortou os cidadãos afegãos, especialmente os jovens e instruídos, a não deixarem o país neste momento de crise humanitária e económica.
O vice-primeiro-ministro talibã observou que nos acordos de Doha, "o Emirado Islâmico (como os talibãs se autodenominam) comprometeu-se a não permitir que alguém ameaçasse qualquer país a partir de solo afegão", uma promessa que ainda mantêm, acrescentou.
O ministro das Minas e Petróleo, Malavi Shahabudin Delawar, também presente na reunião, disse que "a derrota dos EUA começou após a assinatura do acordo de Doha", e salientou que "o Emirato Islâmico não recuou nas suas exigências e posição durante as negociações".
Numa declaração emitida após a reunião, o governo talibã referiu que os cidadãos afegãos estão a viver "uma vida pacífica" no Afeganistão, "pelo que o mundo deve cooperar com eles para tirar partido das oportunidades disponíveis e construir boas relações com os Emirados Islâmicos para evitar os próximos desafios".
Os acordos de Doha assinados em 2020 procuraram estabelecer a paz no Afeganistão após duas décadas de conflito armado entre os talibãs e os EUA e culminaram com a retirada das tropas norte-americanas do país no prazo de 14 meses.
A saída dos EUA, porém, estava na condição, entre outras coisas, de que o Afeganistão não se tornasse novamente um santuário para os terroristas, como aconteceu durante o anterior regime entre 1996 e 2001, que foi marcado pelo apoio a Osama bin Laden e aos ataques do 11 de Setembro.
Com a retiradas das tropas norte-americanas, os talibãs aproveitaram a ocasião para aumentar os ataques e ocuparem as províncias afegãs até ganharem o controlo de todo o país, processo que terminou em 15 de agosto de 2021 com a queda de Cabul.
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