Numa reunião hoje realizada por videoconferência, Thierry Breton e Reed Hastings discutiram "a agressão militar em curso na Ucrânia e a necessidade de combater a desinformação patrocinada pelo Estado russo", informou o gabinete do comissário europeu, numa nota enviada à Lusa.
Citado pelo comunicado, Thierry Breton elogia "os planos" da empresa 'gigante' de transmissão por 'streaming' de "não incluir 20 canais apoiados pelo Estado russo".
"Reguladores dos meios de comunicação, operadores de telecomunicações, serviços de 'streaming' e plataformas 'online' devem desempenhar o seu papel no combate à propaganda de guerra do Kremlin [Presidência russa]", salienta o responsável pela tutela.
"Não podemos deixar qualquer pedra solta na luta contra a desinformação e a ação hostil apoiadas pelo Estado russo", adianta Thierry Breton.
A posição surge depois de, na segunda-feira, a Netflix ter anunciado que não vai cumprir a nova lei audiovisual da Rússia, que exigia à plataforma incluir cerca de 20 canais públicos para operar no país.
A legislação, prevista para entrar em vigor hoje, exige que a Netflix e outros serviços audiovisuais transmitam conteúdos de meios de comunicação social associados ao Kremlin, tais como o Canal Um, a rede de entretenimento NTV e o Canal da Igreja Ortodoxa.
O anúncio da Netflix aconteceu depois de a empresa tecnológica Meta também informar que irá restringir o acesso às redes sociais - que incluem Facebook, Instagram e WhatsApp - ao canal RT e à agência Sputnik, meios de comunicação social controlados pelo Governo russo, a pedido da UE.
Na conversa com Thierry Breton, o presidente executivo da 'gigante' tecnológica confirmou que "a Netflix não vai cumprir as novas obrigações russas".
Este encontro por videoconferência aconteceu no âmbito dos diálogos que a Comissão Europeia está a realizar com líderes da indústria para intensificar os esforços para contrariar a propaganda russa.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
Leia Também: Disney junta-se à Netflix e Warner Bros. no boicote à Rússia