Pedindo que a sua identidade seja protegida, referindo apenas que é natural do Idaho, nos Estados Unidos, tem 44 anos, 21 dos quais de vida no Exército, com uma comissão no Afeganistão e duas no Iraque, e afirma que o que move agora é "a libertação de um país democrático de uma invasão de uma ditadura".
Rejeitando ser movido por dinheiro ou ligação a grupos de mercenários, apesar de alegar conhecer quem o esteja a fazer, este veterano consegue definir o instante preciso do "clique" que o fez decidir atravessar o Atlântico e trabalhar com as forças de defesa ucranianas.
"Foi quando vi um tanque da Rússia abalroar um carro civil", recordou em declarações à Lusa em Varsóvia, numa alusão a imagens amplamente difundidas no início da invasão de um veículo esmagado com um idoso no interior e que sobreviveu, apesar de dúvidas iniciais se o blindado era russo ou ucraniano.
Em qualquer circunstância, este veterano, que era de infantaria, diz não necessitar de grandes conhecimentos de cavalaria para saber como intercetar um veículo sem passar por cima dele e insiste que "foram os russos e não precisavam de fazer aquilo".
O norte-americano já teve uma experiência na Ucrânia, quando foi chamado a dar formação militar nos primeiros tempos da independência do país e o plano era puxar Kiev para o lado da NATO. "Na altura, não correu muito bem", reconhece.
Agora que a questão se levanta de novo e há uma invasão russa em curso, torna-se evasivo sobre a forma como pretende entrar na Ucrânia, para onde e com quem. "Isso é secreto", sorri.
Mas adverte que "há mais centenas" prontos a entregar o seu conhecimento às forças de segurança ucranianas e em contacto entre si. No seu caso, pretende treiná-las para o que aprendeu com as guerrilhas afegã e iraquiana, então inimigas, e dando como exemplo ensiná-las a fazer engenhos explosivos improvisados, que tantas baixas e estragos fizeram naqueles conflitos.
"No Iraque, levámos um pontapé dali para fora. Destruíram-nos com este tipo de coisas e sem grandes lideranças militares. Na Ucrânia podemos fazer o mesmo", apontou. "Eles não estarão sozinhos".
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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