Oposição do Sudão critica abertura de uma base russa no país

As Forças para a Liberdade e Mudança (FLM), uma aliança de organizações da oposição no Sudão, classificou hoje como "um passo perigoso" a disponibilidade do regime militar no poder em permitir que a Rússia instale uma base militar no país.

Notícia

© Getty Imagens

Lusa
03/03/2022 15:38 ‧ 03/03/2022 por Lusa

Mundo

Sudão

Abdel Jalafallah, porta-voz das FLM, que junta partidos políticos e organizações da sociedade civil expulsas do governo no Sudão no golpe militar de outubro passado, disse à agência noticiosa Efe que o estabelecimento da base seria um "passo perigoso que envolveria o país nos eixos internacionais e provocaria uma crise com os países árabes e ocidentais".

A crítica é uma reação às declarações feitas pelo vice-presidente do mais importante órgão do governo no Sudão, general Mohamed Hamdan Dagalo "Hemedti", após uma viagem oficial a Moscovo em que disse que o seu país está disponível em permitir que a Rússia estabeleça uma base naval na sua zona costeira no mar Vermelho.

"Não há objeção em negociar com a Rússia ou outros para estabelecer uma base militar se for do interesse do Sudão e não ameaçar sua segurança nacional", disse Dagalo em comentários no aeroporto de Cartum ao regressar quarta-feira da Rússia.

Jalafallah considerou que a visita de Dagalo à Rússia "prejudicará as relações externas do Sudão com os Estados Unidos e a União Europeia" e acusou Moscovo de interferir nos assuntos internos do Sudão ao apoiar o golpe militar de 25 de outubro.

A Rússia aspira a estabelecer no Sudão o que seria a sua primeira base militar no mar Vermelho e a segunda no exterior depois da de Tartus, na Síria.

Moscovo começou a negociar a instalação da base em 2017 com o antigo ditador Omar al-Bashir, mas após o derrube deste, em 2019, o governo de transição composto por civis e militares não chegou a adotar uma decisão sobre o assunto.

No final de 2020, o governo de transição para eleições democráticas composto por civis e militares também não tomou nenhuma decisão sobre a pretensão russa.

Agora, após a visita à Rússia, Dagalo afirmou que a questão da base militar russa é de responsabilidade exclusiva do Ministério da Defesa sudanês.

A deslocação a Moscovo em plena invasão da Ucrânia pelas forças armadas russas suscitou as suspeitas da União Europeia, cujos embaixadores pediram ao governo sudanês que clarifique a sua posição sobre a intervenção militar, perante a qual emitiu um comunicado em que pediu à Rússia e à Ucrânia que ponham termo à escalada mútua no conflito.

Acresce que na quarta-feira o Sudão absteve-se na votação, na Assembleia Geral da ONU, sobre uma resolução a condenar a invasão russa da Ucrânia, que foi apoiada por 141 dos 193 Estados-membros da organização.

Leia Também: Papa visita República Democrática do Congo e Sudão do Sul em julho

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas