Reservas de urânio enriquecido do Irão mais de 15 vezes acima do acordado

As atuais reservas de urânio enriquecido acumuladas pelo Irão ultrapassam em mais de 15 vezes o limite autorizado pelo acordo internacional de 2015, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) hoje divulgado.

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Lusa
03/03/2022 16:51 ‧ 03/03/2022 por Lusa

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Nuclear

As estimativas de meados de fevereiro anunciadas no relatório, citado hoje pela agência francesa de notícias AFP, referem que Teerão aumentou as suas reservas totais para 3.197,1 kg, contra 2.489,7 kg em novembro, longe do teto máximo de 202,8 quilos (ou 300 quilos equivalentes de UF6, o composto usado para o enriquecimento de urânio) a que se tinha comprometido.

Além de não respeitar a quantidade estabelecida, o Irão já tinha ultrapassado, no início de 2021, a taxa de enriquecimento de urânio de 3,67% estabelecida pelo acordo, chegando inicialmente aos 20% e depois passando para o inédito patamar de 60% e aproximando-se dos 90% necessários para fazer uma bomba atómica.

Os inspetores especificam, num relatório técnico citado pela agência espanhola de notícias Efe, que a quantidade de urânio enriquecido a 60% já atingiu os 33,2 quilos, o que representa quase o dobro do que era há três meses.

O diretor-geral da agência da ONU deverá visitar o Irão no sábado, no âmbito dos esforços para salvar o acordo nuclear iraniano e impedir o aumento das atividades de Teerão neste setor.

Rafael Grossi, "vai viajar para o Irão para reuniões com autoridades iranianas" e realizará uma conferência de imprensa quando regressar a Viena, na noite de sábado, avançou hoje um porta-voz do órgão da ONU.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que Grossi afirmou que a AIEA "nunca abandonará" os esforços para que o Irão preste esclarecimentos sobre a presença de material nuclear em locais não declarados do seu território.

Teerão já pediu o encerramento da investigação da AIEA que tenta salvar o pacto celebrado em 2015 entre o Irão, de um lado, e os Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, de outro, conhecido como JCPOA (sigla em inglês para Joint Comprehensive Plan of Action, ou seja, Plano de Ação Conjunto Global).

Em 2018, quando Donald Trump era Presidente dos Estados Unidos, este país abandonou unilateralmente o acordo e restabeleceu sanções contra o Irão, o que levou Teerão a libertar-se gradualmente das restrições com que tinha concordado em 2015 relativamente às suas atividades nucleares.

Os diplomatas retomaram as negociações em novembro passado, já com os Estados Unidos sob presidência de Joe Biden, embora este país continue a participar apenas indiretamente.

O relatório será discutido no Conselho de Governadores da AIEA, agendado para a próxima semana, mas os negociadores ocidentais esperam chegar a um acordo com Teerão antes disso.

Leia Também: Diretor-geral da Agência de Energia Atómica visita o Irão no sábado

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