Rússia considerará co-beligerante quem imponha zona de exclusão aérea
O Presidente russo, Vladimir Putin, sublinhou hoje que a Rússia considerará co-beligerante qualquer país que tente impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, uma medida pedida por Kyiv que a NATO rejeitou.
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"Consideraremos qualquer desenvolvimento nessa direção como uma participação no conflito armado de qualquer país em cujo território seja criada uma ameaça para nossos soldados", disse Putin sobre uma possível "zona de exclusão aérea no território da Ucrânia".
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu, na quinta-feira, um reforço do apoio dos países ocidentais, insistindo que a Rússia, se derrotar o seu país, atacará depois o resto da Europa de leste para chegar "ao Muro de Berlim".
"Se desaparecermos, que Deus nos proteja, então será a Letónia, a Lituânia, a Estónia, etc... Até ao Muro de Berlim, acreditem em mim", afirmou Zelensky, acrescentando que o Kremlin pode ter como objetivo reconstruir toda a esfera de influência europeia da URSS.
Pedindo aos ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea no seu país desafiou-os, exclamando: "Se não têm força para fechar o céu, então deem-nos aviões".
Na sexta-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, avisou que os Aliados rejeitaram a exigência da Ucrânia, explicando que a decisão pretende evitar um envolvimento da Aliança Atlântica no conflito.
"A questão foi discutida e os Aliados concordaram que não deveríamos ter aviões da NATO a operar no espaço aéreo ucraniano ou tropas da NATO no solo porque poderíamos acabar com uma guerra total na Europa", afirmou Jens Stoltenberg.
Falando em conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após uma reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte, o principal organismo de decisão política da organização e no qual cada país-membro tem assento ao nível dos chefes de diplomacia, o líder da Aliança Atlântica explicou que "a única forma de implementar uma zona de interdição de voo seria enviando caças da NATO para o espaço aéreo da Ucrânia e, em seguida, abater aviões russos para o fazer respeitar".
Porém, "temos a responsabilidade de evitar que esta guerra se agrave para além da Ucrânia porque isso seria ainda mais perigoso, mais devastador e causaria ainda mais sofrimento humano", referiu Jens Stoltenberg.
Zelensky criticou hoje a decisão da NATO, dizendo que quem morrer agora "morrerá pela fraqueza e falta de unidade" da Aliança Atlântica.
"A Aliança [Atlântica] deu luz verde ao bombardeamento de cidades e vilas ucranianas ao recusar a criação de uma zona de exclusão aérea", acusou Volodymyr Zelensky, num discurso emitido durante a madrugada nas plataformas digitais do Governo da Ucrânia.
A NATO reforçou as suas defesas no leste com o destacamento, pela primeira vez, da sua força de reação rápida, enviando milhares de tropas da Aliança para os países da zona oriental, colocando mais de 130 aviões de combate em alerta e mais de 200 navios no mar.
Bruxelas acolhe ainda hoje uma outra reunião extraordinária, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, tal como a da NATO em formato alargado, e igualmente para discutir a guerra em curso na Ucrânia, ao nono dia da ofensiva militar russa.
Entretanto, hoje, Putin garantiu que a Rússia não pretende aplicar a lei marcial, rejeitando rumores persistentes de que o iria fazer por causa do conflito na Ucrânia.
"A lei marcial é aplicada (...) em caso de agressão, principalmente nas regiões onde os combates estiverem a acontecer. Não estamos nessa situação e espero que não haja intervenções", afirmou quando questionado por trabalhadores da companhia aérea russa Aeroflot.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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