A rádio suspendeu as operações na Rússia "depois das autoridades locais terem iniciado um processo de falência contra a delegação na Rússia e depois da polícia ter intensificado a pressão sobre os jornalistas", de acordo com um comunicado.
Os "ataques do Kremlin" são "o culminar de uma campanha de pressão" durante anos, alegou a emissora, que mantinha uma presença física na Rússia desde 1991, quando estabeleceu um escritório em Moscovo a convite do então Presidente russo Boris Ieltsin.
A Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) garantiu que vai continuar a escrever notícias sobre a Rússia, a partir do estrangeiro, e "a dizer a verdade sobre a invasão catastrófica da Rússia ao seu vizinho", a Ucrânia.
A RFE/RL foi um das cinco órgãos de comunicação social, sediados fora do país, mas que publicam notícias em russo, bloqueadas na sexta-feira pelo regulador russo das comunicações, Roskomnadzor.
Estes órgãos "publicaram informações falsas" sobre assuntos como "os métodos de realização de atividades de combate (ataques à população civil, ataques a infraestruturas civis), as perdas das Forças Armadas da Federação russa ou o número de vítimas da população civil", justificou o regulador, num comunicado enviado à agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
Os bloqueios da imprensa afetaram a inglesa BBC, a norte-americana Voice of America, a RFE/RL, a alemã Deutsche Welle e o site Meduza, com sede na Letónia.
Estes títulos estão entre as publicações de 'media' estrangeira mais influentes e, muitas vezes, mais críticas da Rússia.
Também na sexta-feira, o parlamento russo tinha aprovado, por unanimidade, uma lei que criminaliza a disseminação intencional daquilo que a Rússia considera ser informação falsa.
As autoridades russas têm denunciado várias vezes relatos de reveses militares russos ou mortes de civis na Ucrânia como "informação falsa" e os meios de comunicação estatais referem-se à invasão da Ucrânia pela Rússia como uma "operação militar especial" e em vez de "guerra" ou "invasão".
Penas de até três anos ou multas estão previstas para quem divulgar o que as autoridades consideram ser notícias falsas sobre os militares, mas a pena máxima sobe para 15 anos para casos considerados como tendo "graves consequências", disse a câmara baixa do parlamento.
A BBC, a televisão norte-americana CNN, a televisão espanhola RTVE e o jornal espanhol El País já anunciaram a suspensão das operações jornalísticas na Rússia, devido a esta lei.
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