"Atiram em qualquer um": Ucranianos descrevem horror em Kherson

Ajuda médica não entra e ninguém sai sem ser alvejado. O horror vivido numa cidade tomada pelos russos.

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Marta Ferreira
06/03/2022 16:08 ‧ 06/03/2022 por Marta Ferreira

Mundo

Guerra na Ucrânia

Os moradores da cidade de Kherson - uma importante cidade portuária no Mar Negro, no sul da Ucrânia, que foi tomada pelos russos no dia 3 de março depois de dias sob fortes bombardeios - descrevem um verdadeiro cenário de horror para os que se mantêm ali. 

Kherson em poucos mais de 48 horas encheu-se de tropas russas que cercaram a cidade. De acordo com o presidente da câmara, Ihor Kolykhaiev, no sábado, a bandeira ucraniana ainda estava hasteada em prédios do governo e Kolykhaiev manteve-se no seu posto.

Os moradores fecharam-se em casa e nem para necessidades básicas querem sair. 

A cidade de quase 300 mil pessoas estava no sábado sem energia e água, e precisava desesperadamente de ajuda humanitária, mas dali ninguém sai. 

Os soldados russos atiram em qualquer pessoa que tente sair da cidade. "Temos muitas pessoas aqui necessitadas. Temos pacientes com cancro. Crianças que precisam de medicação. Esta medicação não está a chegar até elas", disse Kolykhaiev à CNN, acrescentando que, apesar dos russos manifestarem intenção de ajudar, os moradores recusavam.

Segundo relatos de alguns locais à CNN, Kherson tornou-se uma cidade fantasma, apenas com os postos de controlo ocupados pelas tropas russas a encher as ruas.

As estradas estão praticamente vazias, os supermercados vazios e os medicamentos a chegar ao fim.

Segundo um dos moradores, um alto oficial de saúde local tentou sair para obter suprimentos e os soldados ameaçaram atirar também nele. "Mesmo que quiséssemos retirar mulheres e crianças daqui, é simplesmente impossível. Eles atiram em qualquer um que tente sair", indica Andriy Abba, residente de Kherson. 

Um homem que tentou sair terá sido morto e outro ferido, segundo outro relato. 

Ajuda médica não entra

A CNN relata ainda, através de testemunhos recolhidos, que uma mulher teve de passar por um trabalho de parto longo e perigoso nos arredores da cidade através de videoconsulta. Os russos não deixaram entrar uma equipa médica que tentava ajudar no parto, deixando a ucraniana em pânico. 

Só após um dia e meio é que os russos autorizaram a mãe e o recém-nascido a saírem para o hospital.

Leia Também: Forças especiais britânicas e dos EUA preparam "resgate de alto risco"


 

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