China critica EUA por reforço de laços militares no Indo-Pacífico
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, acusou hoje Washington de tentar criar uma versão asiática da NATO e disse que cabe ao Governo norte-americano melhorar as relações com a Coreia do Norte.
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Mundo China
A política dos Estados Unidos em relação ao leste da Ásia e ao Oceano Índico, e os esforços para reforçar os laços militares com Japão, Austrália e Índia são um "desastre, que interrompe a paz e a estabilidade regionais", apontou Wang Yi, em conferência de imprensa.
Os comentários refletem as ambições de Pequim para se converter no principal poder da Ásia e a sua frustração com a resistência dos países vizinhos às suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China e nos Himalaias.
Também refletem a posição da China em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O país asiático procurou distanciar-se da guerra, apelando ao diálogo e ao respeito pela soberania nacional, mas culpou Washington pelo conflito, por não levar em consideração as preocupações de segurança da Rússia.
"Os Estados Unidos estão a jogar os seus jogos geopolíticos, sob o pretexto de promoção da cooperação regional", disse Wang.
O ministro acrescentou que a postura da Casa Branca "contraria" os desejos regionais de cooperação e "está condenada a não ter futuro".
Wang acusou Washington de estar a organizar uma aliança para "suprimir a China".
Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia reforçaram, nos últimos anos, os seus laços militares. Em 2021, Washington acordou fornecer tecnologia à Austrália para a construção dos seus primeiros submarinos movidos a energia nuclear.
"O verdadeiro propósito da 'estratégia Indo-Pacífico' é criar uma versão da NATO para" a região, disse Wang Yi.
A expansão da aliança ocidental foi citada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, como um dos motivos para invadir a Ucrânia.
A política externa assertiva de Pequim e as suas reivindicações de territórios disputados no Mar do Sul da China e nos Himalaias antagonizaram o Japão, a Índia e outros países vizinhos.
Wang pediu ao Governo de Joe Biden que revivesse o espírito dos acordos dos anos 1970, que abriram as relações dos EUA com o executivo comunista de Pequim.
"Os Estados Unidos não poupam esforços para concretizar uma intensa competição com a China, constantemente atacando e provocando problemas em questões relacionadas com os interesses centrais chineses", disse Wang.
Washington deve "voltar ao caminho certo da racionalidade e do pragmatismo", apelou.
Wang pediu aos Estados Unidos que tomem a iniciativa de melhorar as relações com a Coreia do Norte e acusou o Governo de Biden de não responder a "medidas positivas" de Pyongyang.
"Depende em grande parte do que o lado americano fizer, se realmente vai adotar ações concretas, para resolver o problema, ou vai continuar a usar a questão da península [coreana] como moeda de troca estratégica" disse Wang.
Sobre o Mar do Sul da China, o ministro reclamou que atores externos estejam a interferir nos esforços para desenvolver um "código de conduta" e disse que Pequim e os governos dos países do Sudeste Asiático deveriam negociar entre si.
Os Estados Unidos e outros governos enviaram navios de guerra para zonas daquele mar reivindicadas por Pequim, reclamando assim o direito de navios de todos os países usarem aquelas águas.
As forças externas "não querem que o Mar do Sul da China permaneça calmo, porque isso faz com que percam o pretexto de intervir, para ganho pessoal", disse Wang.
"A interferência externa não pode parar o ritmo da cooperação regional", apontou.
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