"Acho que não é preciso dizer mais nada", referiu o deputado Sérgio Sousa Pinto, depois de afirmar que tinha sido "com sangue" que Kiev tinha assinado o pedido de adesão, apresentado há dias, quando se intensificavam os ataques russos à Ucrânia.
O deputado socialista falava no final de uma reunião, no Parlamento, com a embaixadora da Ucrânia, em Portugal, Inna Ohnivets, que voltou a agradecer o apoio e a solidariedade do Governo, do Parlamento e do povo português.
A diplomata reafirmou o pedido de apoio à solicitação de adesão do seu país à UE, de novas sanções contra o regime do Presidente russo, Vladimir Putin, e da implementação de uma zona de exclusão área para proteger o território ucraniano.
Inna Ohnivets disse não ter dados sobre o número de ucranianos que podem pedir refúgio em Portugal, mas salientou que só nos primeiros dias deste processo foram já mais de 1.500 e por isso acredita "que cheguem muitos" e fiquem "até que a Ucrânia consiga reconquistar o seu território".
"Os ucranianos gostam de Portugal" e "a câmara de Lisboa e as câmaras de outras cidades portuguesas" estão preparadas para os acolher", referiu.
Sobre a situação no terreno, a embaixadora adiantou que tem videoconferências diárias com Kiev, onde "o Governo, o Parlamento e os seus deputados estão a trabalhar" e sem mostrarem qualquer intenção de sair dali.
"É um sinal para todos, também para o povo ucraniano, de que queremos defender a nossa pátria", sublinhou.
As comunicações estão cortadas com as cidades ou regiões tomadas pelo exército russo, como a cidade onde a diplomata e a sua família têm origem, a cerca de 30 quilómetros de Kiev, que, segundo Inna Ohnivets, foi destruída pelos bombardeamentos russos.
A embaixadora revelou que continuam a chegar relatos da morte de civis e não só de ucranianos, porque vivem pessoas de muitas nacionalidades na Ucrânia.
Inna Ohnivets denunciou também que a Rússia usa associações, incluindo uma instituição com a designação de Rosjotrudnichejtvo em Portugal, que funciona junto à embaixada da Rússia, para "espalhar a desinformação" e a ideia do 'Mundo Russo', segundo a qual a Rússia é o centro do mundo ortodoxo, pertencendo a Ucrânia a esse mundo.
Na Ucrânia convivem muçulmanos, ortodoxos, cristãos e outros, afirmou. "Estamos a mostrar ao mundo que a Ucrânia e o povo ucraniano não pertencem ao mundo russo", mas sim à Europa, e que querem "viver em paz e como um estado democrático europeu", adiantou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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