Cerca de 50 funcionários do jardim zoológico de Kyiv, incluindo veterinários, engenheiros e tratadores, não conseguiram simplesmente deixar para trás os 4.000 animais que cuidavam diariamente, mesmo com a cidade sob ameaça e bombardeamentos russos constantes.
O zoológico da capital ucraniana abriga mais de 200 espécies, entre elas elefantes, hienas e o único gorila do país e agora serve de refúgio de animais e tratadores que transformaram um recinto de pássaros e um aquário inacabado em abrigos antiaéreos. Contudo, não conseguem proteger todos, de fora ficam os animais de grande porte, como girafas ou elefantes.
Horace é um elefante asiático, com 17 anos, que ficou tão aterrorizado com as explosões que tem que dormir perto de um membro da equipa todas as noites. O animal acorda em pânico devido aos estrondos que se ouvem, por isso o tratador conversa com ele e alimenta-o com maçãs para tentar que relaxe, avança o Daily Mail. "Se um míssil ou uma bomba cair, eles sabem como acalmá-lo", explicou o diretor do Zoológico de Kiev, Kyrylo Trantin.
Trantin, de 49 anos, um dos que optou por ficar, explicou que os animais “não têm espaço para se esconder ou correr", acrescentando que "se estiverem fora do jardim zoológico, têm menos opções do que qualquer ser humano". Ivan Rybchenko, de 33 anos, que também se encontra no zoológico, disse: "Estou a cuidar de girafas, veados e cavalos", esclarecendo que não se poderia juntar à defesa territorial porque os animais morreriam.
Na semana passada, leões, tigres e ursos foram evacuados de um santuário perto de Kyiv para o zoológico de Poznan, na Polónia. Contudo, os funcionários do Zoológico de Kyiv explicam que é quase impossível evacuar os seus animais, devido aos cuidados veterinários e transporte necessários.
A equipa mantem alguns animais em recintos fechados e galerias subterrâneas para protegê-los de bombardeios e tem comida suficiente para os animais para as próximas duas semanas. As zebras tiveram que ser colocadas num espaço interior porque após as explosões também entraram em pânico e colidiram com uma cerca. Já os elefantes e outras espécies vulneráveis tiveram que receber sedativos.
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