Turquia espera cessar-fogo do encontro diplomático entre Moscovo e Kiev
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, expressou o desejo de que a reunião entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia permita alcançar um cessar-fogo e criticou "a caça às bruxas" contra todos os russos na Europa.
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Mundo Turquia
"Desejo que o encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia [Dmytro Kuleba] e da Rússia [Serguei Lavrov], que se encontram pela primeira vez desde o início da invasão russa, amanhã [quinta-feira] no Fórum Diplomático de Antalya, abra a porta a um cessar-fogo duradouro", disse hoje o chefe de Estado turco.
Num discurso transmitido em direto pela cadeia de televisão NTV, Erdogan expressou "tristeza" pela "tensão transformada em combates" nos países vizinhos e sublinhou os esforços de mediação, lamentado a "perda de vidas e o drama humano" causados pela guerra.
Erdogan criticou "os chamados países desenvolvidos" por "não terem feito nada durante 11 anos" para porem fim à guerra na Síria, tendo "apenas decretado condenações".
"Uma mentalidade que discrimina os oprimidos pela religião ou pela cor da pele é puro racismo e uma vergonha para a humanidade", disse.
O presidente da Turquia criticou também as medidas tomadas por alguns países europeus contra personalidades e elementos culturais da Rússia, o que considerou uma "caça às bruxas".
"Não podemos aceitar nem que deixem a Ucrânia desprotegida nem que lancem uma 'caça às bruxas' contra o povo, cultura, estudantes e artistas da Rússia", disse o chefe de Estado.
"Vejam, na Alemanha despedem o diretor da orquestra filarmónica [de Munique, Valeri Gergiev], dizendo que é um amigo de [Vladimir] Putin. Que estupidez. Vão proibir as obras de Dostoievski? Que estupidez!", disse Erdogan, que comparou os casos "à queima das bibliotecas de Bagdad", após a conquista mongol no século XIII.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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