As Nações Unidas alertam para a o risco crescente de violência, exploração e abuso sexual em relação às mulheres e crianças que abandonam a Ucrânia, sendo estas um alvo frágil.
Num relatório sobre o impacto humanitário da ofensiva, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) reconhece que os “desafios persistentes no acesso a bens e serviços básicos e a falta de acesso a abrigo seguro deixam mulheres e meninas extremamente vulneráveis a abusos, exploração e violência.”
"Em menos de duas semanas, mais de 2 milhões de pessoas foram forçadas a fugir para países vizinhos, gerando riscos cada vez maiores de proteção, incluindo violência baseada no género e exploração e abuso sexual, uma vez que a maioria das pessoas em movimento são mulheres e crianças", pode ler-se no relatório.
Esta quarta-feira, Olga Tokariuk, correspondente da agência EFE em Kiev, escreveu no Twitter que tem recebido relatos de violações em Kherson e Kyiv.
"Já recebi relatos de fontes fiáveis sobre a violação de mulheres nas regiões de Kherson e Kyiv por soldados russos. Isto é difícil de confirmar a 100% porque as vítimas estão relutantes em falar sobre o assunto publicamente. Mas as minhas fontes na comunidade dos direitos humanos dizem que isto está de facto a acontecer", pode ler-se.
I already received reports from reliable sources about rape of women in Kherson and Kyiv regions by Russian soldiers. This is hard to confirm 100% because victims are reluctant to speak about it publicly. But my sources in the human rights community say it's indeed happening
— Olga Tokariuk (@olgatokariuk) March 9, 2022
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, nesta sexta-feira, dia 4 de março, acusou as tropas russas de violar mulheres e apoiou um pedido para a criação de um tribunal especial para punir a agressão de Moscovo.
Também de acordo com Dagmar Schumacher, Diretora do Gabinete das Mulheres da ONU em Bruxelas, a guerra afeta as mulheres "primeiro e de forma mais dura".
"Estamos muito preocupados. Queremos que esta guerra acabe. A situação atual põe em risco a segurança de todas as pessoas na Ucrânia, mas também coloca as mulheres e raparigas em maior risco de violência sexual, especialmente as que são refugiadas ou deslocadas das suas casas", disse ainda ao The Brussels Times.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
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