Fuga de radiação em Chernobyl? Ucrânia e agência atómica contradizem-se

Central encontra-se sob controlo russo e a Ucrânia já pediu ajuda a "toda a comunidade internacional" de forma a conseguir um cessar-fogo urgente para permitir o restabelecimento das linhas de energia. 

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Notícias ao Minuto com Lusa
09/03/2022 15:53 ‧ 09/03/2022 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou hoje para o perigo que representa a central de Chernobyl - cenário do maior desastre nuclear da história - estar "completamente desligada da rede elétrica". Segundo Kuleba, o mundo pode estar a 48 horas de ver uma fuga de radiação da central. Por outro lado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) considera não haver "grande impacto" causado pelo corte de energia. 

Neste momento a central encontra-se sob controlo russo e a Ucrânia já pediu ajuda a "toda a comunidade internacional" de forma a conseguir um cessar-fogo urgente para permitir que restabelecer as linhas de energia. 

"Geradores a diesel de reserva têm a capacidade de 48 horas para alimentar a central nuclear de Chernobyl", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros num aviso feito no Twitter. Explicou ainda que, depois deste período, os "sistemas de refrigeração da instalação de armazenamento de combustível nuclear usado pararão, tornando iminentes as fugas de radiação". 

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), após ser informada do problema pelas autoridades ucranianas, diz que "não vê um grande impacto na segurança" da central nuclear.

Segundo a AIEA, considerando-se o tempo decorrido desde o acidente em Chernobyl, "a carga térmica da piscina e o volume de água de refrigeração são suficientes para garantir uma remoção eficiente do calor sem eletricidade".

Já a Energoatom -  Empresa Nacional de Geração de Energia Nuclear da Ucrânia - vai de encontro ao que disse o ministro dos Negócios Estrangeiros. 

O aquecimento da instalação de armazenamento pode levar à “libertação de substâncias radioativas no meio ambiente”, alertou a Energoatom. A nuvem radioativa pode "ser transportada pelo vento para outras regiões da Ucrânia, Bielorrússia, Rússia e Europa”, acrescentou a empresa em comunicado.

Sem energia, os sistemas de ventilação da usina também não funcionam, expondo os funcionários a doses perigosas de radiação, considerou ainda a Energoatom.

A empresa nuclear do país já tinha alertado que a fuga de substâncias radioativas é possível em caso de falta de eletricidade no local por um longo período de tempo, visto que se torna impossível refrigerar o combustível nuclear usado.

As forças russas capturaram a usina e cortaram a energia nos primeiros dias da invasão. Desde então, não foi possível fazer reparos na fábrica.

Funcionários feitos reféns desde o início da invasão russa

A central nuclear de Chernobyl, localizada numa zona de exclusão, inclui reatores desativados e instalações de resíduos radioativos.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) - o organismo da ONU para as questões nucleares com sede em Viena - não reagiu, até ao momento, a esta informação.

Poucas horas antes, a organização tinha indicado que "a transmissão remota de dados dos sistemas de controlo" instalados no local "tinha sido cortada".

A AEIA estava a referir-se às câmaras de vigilância e a outros equipamentos colocados no local no âmbito do seu programa de monitorização da natureza pacífica dos programas nucleares a nível mundial.

Mais de 200 técnicos e guardas estão retidos no local, estando a trabalhar há 13 dias consecutivos sob vigilância russa.

A AIEA pediu à Rússia que permita a rotatividade dos funcionários, argumentando que o descanso e os horários fixos são essenciais para a segurança do local.

Leia Também: Agência atómica deixa de receber dados de monitorização de Chernobyl

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