Diplomacia da UE insta Rússia a assegurar infraestruturas nucleares
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, instou hoje a Rússia a respeitar a segurança de infraestruturas nucleares na Ucrânia, indicando acompanhar a "situação muito preocupante" relativa à central de Chernobyl, desligada da rede elétrica.
© Lusa
Mundo Ucrânia/Rússia
"Falei com Rafael Grossi [diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica] sobre a situação muito preocupante relativa à central de Chernobyl", escreveu Josep Borrell na rede social Twitter.
Reagindo na plataforma após as autoridades ucranianas terem informado a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de um corte da rede elétrica em Chernobyl, em pleno conflito armado no território ucraniano devido à invasão russa, o chefe da diplomacia da UE instou a Rússia a "preservar a segurança das infraestruturas nucleares na Ucrânia".
"Estamos a prestar apoio total à AIEA e aos seus esforços para encontrar um acordo sobre soluções práticas nestas circunstâncias dramáticas", adiantou Josep Borrell.
A central de Chernobyl, que foi cenário do maior acidente nuclear da história, em 1986, "foi completamente desligada da rede elétrica devido às ações militares" russas, segundo as autoridades ucranianas.
Contudo, de acordo com a AIEA, o corte de energia na central nuclear de Chernobyl não teve impacto na sua segurança.
Considerando o tempo decorrido desde o acidente em Chernobyl, a AIEA sublinhou que "a carga térmica da piscina e o volume de água de refrigeração são suficientes para garantir uma remoção eficiente do calor sem eletricidade".
A central nuclear de Chernobyl, localizada numa zona de exclusão, inclui reatores desativados e instalações de resíduos radioativos.
Atualmente, 20.000 conjuntos de resíduos radioativos estão a ser mantidos na piscina de armazenamento do local.
A AIEA já tinha indicado que "a transmissão remota de dados dos sistemas de controlo" instalados no local "tinha sido cortada".
A AEIA referia-se às câmaras de vigilância e a outros equipamentos colocados no local no âmbito do seu programa de monitorização da natureza pacífica dos programas nucleares a nível mundial.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, a central possui "geradores de emergência com capacidade para 48 horas".
"Depois disso, os sistemas de refrigeração do combustível [resíduos radioativos] armazenado serão desligados", escreveu o ministro ucraniano no Twitter.
Mais de 200 técnicos e guardas estão retidos na central nuclear de Chernobyl, estando a trabalhar há 13 dias consecutivos sob vigilância russa.
A AIEA pediu à Rússia que permita a rotatividade dos funcionários, argumentando que o descanso e os horários fixos são essenciais para a segurança do local.
"Estou profundamente preocupado com a situação difícil e de 'stress' em que se encontram os funcionários da central nuclear de Chernobyl e os riscos potenciais que isso acarreta para a segurança nuclear", alertou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos -- o êxodo mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 14.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, segundo várias fontes.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje a morte de pelo menos 516 civis até terça-feira, incluindo 41 crianças.
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