As relações entre Marine Le Pen e Viktor Orbán são conhecidas e os dois estão no topo da extrema-direita europeia. Enquanto Orbán e o seu Fidesz governam a Hungria há mais de dez anos com um punho conservador e iliberal (palavras do próprio), Le Pen tentará pela terceira vez elevar o Rassemblement National (em português, Aliança Nacional) e chegar à presidência francesa.
A relação entre Le Pen e a Hungria parece ter ficado um pouco mais forte quando ficou pública esta quinta-feira a informação de que a candidata presidencial francesa recebeu um empréstimo de cerca de 10,7 milhões de euros do banco húngaro MKB.
O banco, o segundo maior da Hungria, é detido por empresários com fortes ligações ao primeiro-ministro húngaro. Segundo a Reuters, Le Pen tem tido dificuldade em conseguir empréstimos por parte de bancos franceses, que se procuram distanciar das ideias de extrema-direita da candidata.
"Este empréstimo foi conseguido num contexto muito difícil de restrições nas leis de financiamento de campanhas e de relutância dos bancos em financiar a vida democrática do nosso país" disse o presidente do Aliança Nacional, Jordan Bardella, numa declaração citada pela Reuters aos membros do partido.
Tanto a Hungria como a França terão eleições importantíssimas para a extrema-direita europeia. Orbán enfrenta o também conservador Péter Márki-Zay, líder conjunto de toda a oposição e o candidato mais perigoso à liderança do primeiro-ministro desde que foi reeleito em 2010.
Já Le Pen, depois de anos a tentar amenizar a sua mensagem radical e xenófoba para o eleitorado francês, tenta destacar-se entre o atual presidente Emmanuel Macron e a nova coqueluche dos racistas e islamofóbicos franceses, Éric Zemmour (a quem a própria sobrinha de Le Pen manifestou apoio).
A francesa e o húngaro encontraram-se pela última vez em Madrid e os dois, juntamente com Matteo Salvini, têm tido dificuldades em distanciar a sua campanha da Rússia, devido ao conhecido financiamento russo de partidos de extrema-direita.
Em 2014, Le Pen recebeu 9 milhões de euros por parte de um banco russo, quando o seu partido ainda se chamava Frente Nacional. Já Viktor Orbán, cujo regime tem sido caracterizado por ataques à liberdade de imprensa e à comunidade LGBT+ que são condenados pela União Europeia, é o líder europeu mais próximo de Putin, contestando a imposição de sanções aos oligarcas e ao setor energético.
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