Depois de afirmar que as informações sobre um ataque a uma maternidade em Mariupol são “notícias falsas”, a Rússia acusa a Ucrânia de utilizar uma famosa influencer para encenar ferimentos em civis.
O bombardeamento ocorreu na tarde de quarta-feira e provocou pelo menos três mortos, entre as quais uma criança de seis anos, e 17 feridos, sobretudo “mulheres e funcionários do estabelecimento”, segundo as autoridades locais. No entanto, a Rússia nega o ataque a civis e diz que a maternidade estava a ser ocupada pelo ‘Batalhão de Azov’ - uma milícia ucraniana neonazi, antirrussa e de extrema-direita - e que já tinha alertado sobre tal.
Agora, através da sua embaixada no Reino Unido, o país acusa a Ucrânia de encenar o ataque e de ter utilizado uma influencer com “maquilhagem realista”. Citando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, a embaixada começa por afirmar que “a maternidade já não estava operacional” e que “estava a ser utilizada por tropas ucranianas e radicais”. “Além disso, a Rússia alertou o Conselho de Segurança das Nações Unidas há três dias”, frisou.
Para sustentar a sua narrativa, identificaram as fotografias de duas mulheres feridas - amplamente divulgadas e criticadas nas redes sociais - como “falsas”.
Numa das fotografias, aparecia Marianna Podgurskaya, uma conhecida influencer e blogger de beleza ucraniana, que estava grávida no dia do bombardeamento. Após ser confrontada com o facto de Podgurskaya estar, efetivamente, grávida, a embaixada diz que a influencer “assumiu o papel de duas mulheres grávidas” e que as fotografias foram captadas pelo “famoso fotógrafo propagandista” Evgeniy Maloletka em vez de “testemunhas ou socorristas”.
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“É de facto Marianna Podgurskaya, uma beauty blogger ucraniana grávida. Ela assumiu o papel das duas mulheres grávidas nas fotografias. E as primeiras foram de facto captadas pelo famoso fotógrafo propagandista Evgeniy Maloletka, em vez de socorristas ou testemunhas, como seria de esperar”, justificou.
Numa outra publicação, a embaixada alega que a influencer está a utilizar “maquilhagem muito realista”. E mais: “Ela não podia estar na maternidade na altura do bombardeamento, uma vez que o local já estava ocupado pelo neonazi Batalhão de Azov, que disse aos funcionários para abandonarem o local”.
NEW: Twitter has removed content from Russian Embassy UK claiming the bombing of a maternity hospital had been staged pic.twitter.com/dV3TvduDj4
— James Clayton (@JamesClayton5) March 10, 2022
As três publicações foram eliminadas do Twitter por violarem as regras da rede social.
Já esta sexta-feira, a jornalista Olga Takariuk avançou que Marianna deu à luz na noite passada, pelas 22h locais [20h em Lisboa], uma menina. "Elas estão bem, mas está muito frio em Mariupol e os bombardeamentos não param", afirmou.
I received an update from a relative of Marianna - a pregnant girl from Mariupol's bombed hospital. They were able to reach her on the phone briefly. Last night at 10pm, Marianna gave birth to a baby girl! They are ok, but it's very cold in Mariupol and the bombing doesn't stop pic.twitter.com/PSLxI6I0zZ
— Olga Tokariuk (@olgatokariuk) March 11, 2022
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a maternidade do hospital pediátrico de Mariupol não foi a única a ser alvo de bombardeamentos russos, tendo sido também destruídas as maternidades de Zhytomyr e Kharkiv. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse ter confirmado 18 ataques a instalações médicas desde que a invasão russa começou, a 24 de fevereiro.
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