Os profissionais de saúde de hospitais em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, encontram-se em duas linhas da frente - contra a Covid-19 ao mesmo tempo que decorre a guerra lá fora.
O Hospital Regional Clínico para Doenças Infeciosas de Kharkiv, a principal instalação da cidade para o tratamento de pacientes com vírus durante a pandemia, barricou as janelas e está a adaptar-se a cada dia.
Segundo o diretor do hospital, Pavel Nartov, citado pela Associated Press, as sirenes a alertar para ataques aéreos disparam várias vezes ao dia, forçando pacientes frágeis a entrarem no abrigo antiaéreo improvisado do hospital. Lidar com pacientes em unidades de cuidados intensivos, ligados a ventiladores, é a parte mais difícil e perigosa do processo, mas também a mais crucial, dados os perigos de expor os tanques de oxigénio a bombas e estilhaços, referiu.
“Os bombardeamentos ocorrem da manhã à noite. Graças a Deus que o nosso hospital ainda não foi atingido por uma bomba. Mas pode acontecer a qualquer momento”, assumiu.
Kharkiv está sob fogo contínuo das forças russas desde o início da guerra, com bombardeamentos a atingirem prédios residenciais e provocando fugas em massa de habitantes.
Os casos oficiais diários de Covid-19 na Ucrânia atingiram recordes em fevereiro, mas diminuíram desde que a Rússia invadiu, no meio do caos da guerra. As preocupações com o vírus caíram no esquecimento, com a população concentrada em fugir dos ataques.
Recorde-se que a Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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