Ucrânia. Fumio Kishida pressiona homólogo indiano a agir face a conflito

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em visita a Nova Deli, instou hoje o seu homólogo indiano, Narendra Modi, a mudar a sua posição relativamente à Rússia, mas na declaração conjunta absteve-se de condenar a invasão da Ucrânia.

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Lusa
19/03/2022 19:13 ‧ 19/03/2022 por Lusa

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Ucrânia

Ao contrário dos restantes membros da aliança 'Quad' - Japão, Austrália e Estados Unidos - a Índia absteve-se na votação de três resoluções na ONU de condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia, limitando-se a pedir o fim da violência.

A Índia, que mantém laços estreitos com a Rússia desde a Guerra Fria, continua a comprar petróleo russo, a preços reduzidos, segundo a imprensa.

No final do encontro entre os dois governantes e perante a imprensa, Fumio Kishida disse ter tido discussões "substanciais" e reiterou o seu ponto de vista segundo o qual "a invasão da Rússia mina a ordem internacional e merecia uma reação firme".

Modi, por sua vez, não mencionou a Ucrânia e a declaração escrita conjunta limitou-se a um apelo à "cessação imediata da violência" e a dizer que "não há" outras opções além do caminho do diálogo e da diplomacia para a resolução do conflito".

Sem nomear nenhum país, o texto alarga a questão dos conflitos para a situação indo-asiática e "salienta a necessidade de todos os países procurarem a resolução pacífica dos seus conflitos de acordo com o Direito Internacional, sem ameaça, força ou tentativa de alterar unilateralmente o 'status quo'".

O primeiro-ministro japonês prossegue a sua deslocação ao exterior com uma paragem no Camboja.

Antes da sua visita, a primeira à Índia de um primeiro-ministro japonês desde 2017, um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros nipónico disse que Tóquio estava "consciente" dos laços históricos entre Nova Deli e Moscovo e a situação geográfica da Índia.

"Mas, ao mesmo tempo, partilhamos valores fundamentais e interesses estratégicos. Então, naturalmente, haverá discussões francas sobre como vemos a situação na Ucrânia [...]", disse o responsável à imprensa, a coberto do anonimato.

No início de março, Kishida, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, não conseguiram convencer o chefe do Governo indiano a adotar uma postura mais dura relativamente à Rússia.

Numa declaração conjunta, o Quadrilateral Security Dialogue, geralmente conhecido por 'Quad', divulgou que os seus líderes "discutiram o conflito e a atual crise humanitária na Ucrânia e avaliaram suas consequências mais amplas", sem condenar a Rússia.

Segundo um relato dos serviços de Narendra Modi, este "sublinhou que o 'Quad' deve manter-se focado no seu objetivo principal, que é promover a paz, a estabilidade e a prosperidade na região do Indo-Pacífico".

Modi tem previsto falar com Scott Morrison na segunda-feira por videoconferência.

A Rússia é o maior fornecedor de armas da Índia, que também precisa do apoio do 'Quad' face à crescente influência da China na região.

As tensões entre Nova Deli e Pequim estão no seu ponto mais alto desde os confrontos em 2020 sobre a fronteira disputada nos Himalaias, que provocou pelo menos 20 soldados indianos mortos e quatro do lado chinês.

Os dois países reforçaram os seus dispositivos militares - para a Índia, em grande parte com equipamentos russos - e enviaram milhares de soldados adicionais para a zona.

Em relação à China, uma fonte de preocupação para o 'Quad', Modi e Kishida "reafirmaram a sua visão comum de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta, livre de qualquer coerção", e na declaração conjunta pediram também "um retorno ao caminho da democracia" em Myanmar (antiga Birmânia) e condenaram "os desestabilizadores disparos de mísseis balísticos" pela Coreia do Norte.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 847 mortos e 1.399 feridos entre a população civil, incluindo mais de 140 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Japão anuncia sanções contra Lukashenko e banco central russo

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