Marcha no Peru em protesto contra libertação de ex-presidente Fujimori
Centenas de cidadãos marcharam no sábado na capital peruana, Lima, em protesto contra uma decisão do Tribunal Constitucional do Peru que permitirá a libertação do ex-Presidente Alberto Fujimori (1990-2000), condenado por crimes contra a humanidade.
© Lusa
Mundo Peru
Gritando "o indulto é um insulto", os manifestantes reuniram-se na praça San Martín, no centro histórico de Lima, convocados por organizações civis e sociais para uma marcha pacífica contra a decisão da mais alta instância judicial do Peru.
Na quinta-feira, o tribunal considerou procedente o recurso interposto contra a resolução do Supremo Tribunal, que em 2018 considerou sem efeito o indulto concedido a Fujimori a 24 de dezembro de 2017 pelo então Presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).
"O que esperamos é que o perdão do recluso Fujimori seja revogado e, se for um problema de saúde, como diz a sua família, que peçam um perdão humanitário pelos meios adequados", disse Jennie Dador, diretora executiva da organização não-governamental peruana de defesa dos direitos humano CNDDHH.
A ativista acrescentou que o indulto "estava manchado e era uma armadilha, fazia parte de um acordo político".
O Ministério Público peruano considera que o indulto resultou de uma negociação entre Kuczynski e o filho mais novo de Fujimori, Kenji, que na época era deputado federal, para que os legisladores votassem contra um pedido de destituição do então Presidente.
Fujimori, de 83 anos, foi condenado como autor direto dos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, cometidos em 1991 e 1992, respetivamente, pelo grupo militar disfarçado Colina, bem como de dois sequestros após o golpe de Estado que deu em 1992.
Durante a manifestação, Marly Anzualdo, irmã de Kennet Anzualdo, um estudante universitário desaparecido em 16 de dezembro de 1993, disse à agência de notícias Efe que o Tribunal Constitucional "envergonha a Justiça peruana, com um perdão cheio de vícios".
A resolução do tribunal ainda não foi publicada, mas o atual Governo também manifestou a sua rejeição e já anunciou que pretende recorrer a organismos internacionais.
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