O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que a Rússia e a Ucrânia estão a aproximar-se de um acordo sobre questões “críticas” e que espera um cessar-fogo caso não haja um recuo. Segundo o governante há um quase acordo em quatro das seis questões em discussão.
Numa entrevista publicada, este domingo, pelo jornal turco Hurriyet, citada pela Reuters, Cavusoglu, que viajou para a Rússia e para a Ucrânia na semana passada para conversar com os seus homólogos, indicou que houve “aproximação nas posições de ambos os lados sobre assuntos importantes, assuntos críticos”.
“Vemos, em particular, que eles quase concordam nos primeiros quatro pontos”, sublinhou.
Recorde-se que os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da Ucrânia, Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba, respetivamente, encontraram-se pela primeira vez, desde o início da guerra, na cidade turca de Antalya, com a presença de Cavusoglu. Contudo, do encontro não saíram resultados concretos.
“Podemos dizer que estamos esperançosos num cessar-fogo se os lados não derem um passo atrás nas posições atuais”, acrescentou o governante turco.
Numa entrevista recente ao mesmo jornal, Ibrahim Kalin, porta-voz do Presidente da Turquia, disse que as questões em discussão foram agrupadas em seis pontos, o primeiro dos quais diz respeito à neutralidade da Ucrânia, que impediria a adesão do país à NATO.
As restantes questões, pela ordem referida por Kalin, são o desarmamento e as garantias mútuas de segurança, o processo a que a Rússia chama "desnazificação", a remoção de obstáculos à utilização generalizada do russo na Ucrânia, o estatuto do Donbass e o estatuto da Crimeia.
Çavusoglu disse que as duas delegações às conversações já percorreram um longo caminho, mas que a paz exigirá uma reunião entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Se houver paz, se houver um acordo, eles [Putin e Zelensky] reunir-se-ão definitivamente. Eles não excluem esta possibilidade. Eles não têm uma atitude negativa em relação ao encontro", acrescentou.
A primeira ronda de negociações entre Kiev e Moscovo realizou-se na Bielorrússia, em 28 de fevereiro, quatro dias após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
As rondas seguintes decorreram também na Bielorrússia, em 03 e 07 de março, mas, desde então, as negociações têm decorrido por videoconferência.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 25.º dia, provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares, assim como mais de 3,3 milhões de refugiados.
A ONU considera que se trata da pior crise do género na Europa, desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
[Notícia atualizada às 12h05]
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