Após um encontro com o embaixador russo, Vulin - o ministro particularmente pró-Rússia no Governo sérvio - lembrou que o seu país é o único na Europa que não aderiu às sanções internacionais contra Moscovo pela invasão da Ucrânia.
O ministro disse que a Sérvia não permitirá que "propriedades sejam tiradas aos cidadãos da Rússia", numa referência às sanções que vários países ocidentais, muitos deles europeus, impuseram contra os oligarcas russos.
Vulin considerou ainda - sem fornecer pormenores ou dizer onde sucedeu - que nesta "histeria anti-russa" as crianças russas estão a ser expulsas das escolas e escritores e cientistas russos estão a ser apagados dos livros didáticos.
O membro do executivo de Belgrado insistiu que "a Sérvia, liderada pelo (Presidente) Aleksandar Vucic", não esquecerá o apoio que recebe da Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, em diversas instituições internacionais.
O ministro sérvio lembrou que a Rússia vetou em 2015 uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que recordava o genocídio cometido em 1995 por tropas sérvias bósnias na cidade de Srebrenica, onde 8.000 muçulmanos foram exterminados durante a guerra civil bósnia.
A Rússia também apoia a posição da Sérvia de não reconhecer a independência unilateral que a sua antiga província de Kosovo proclamou, em 2008.
A Sérvia, candidata à entrada na União Europeia (UE), condenou a invasão russa da Ucrânia, que começou há quase um mês, mas não aderiu às sanções impostas à Rússia.
Belgrado quer manter laços estreitos com o seu tradicional aliado, que lhe fornece energia, e por quem parte da população sente grande simpatia, sem, contudo, esquecer os bombardeamentos da NATO que o país sofreu em 1999, para travar a repressão do então regime autoritário sérvio contra os albaneses no Kosovo.
A Sérvia é um dos poucos países da Europa onde houve manifestações de apoio à invasão russa da Ucrânia, embora também tenham sido realizadas marchas em apoio à Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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