Uma reportagem realizada em Havana por jornalistas da AFP mostra que há quem chegue ao amanhecer às bomba de gasolina para conseguir algum combustível para o depósito do seu carro.
Na avenida costeira de Havana, a AFP viu dezenas de carros metodicamente em fila de espera, contornando duas vezes o quarteirão em redor da estação.
Alguns motoristas optavam por empurrar os veículos para poupar o pouco combustível que lhes restava, enquanto outros aguardavam na fila de pé, com os seus bidões na mão.
Para muitos, estas cenas fazem lembrar setembro de 2019, quando as sanções norte-americanos bloquearam a chegada de navios venezuelanos que entregavam petróleo a Cuba.
Muitos automobilistas tiveram então de passar os seus dias, ou mesmo noites, em frente aos postos de gasolina. Mais uma vez, os automobilistas voltam agora a esperar horas e alguns até já vêm prevenidos com lanches, segundo relatos da AFP.
Para Jorge Piñon, um especialista cubano em política energética da Universidade do Texas, "uma série de acontecimentos levaram à situação atual", como a queda da produção nacional de petróleo (-20% desde 2010).
A isto soma-se o facto de a Venezuela estar a ser menos generosa nos últimos anos, sendo um fornecedor de crude para Cuba, que em troca envia médicos.
"Desde 2016, o fornecimento de petróleo bruto e combustíveis na Venezuela caiu de cerca de 100.000 barris por dia para uma média de 56.000 em 2021", explica o perito.
As recentes avarias de centrais elétricas em Cuba aumentaram a utilização de geradores, que são grandes consumidores de gasóleo.
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