"Os jornalistas têm um papel crítico no fornecimento de informações durante um conflito e nunca devem ser alvos. Apelamos ao respeito pelo direito internacional humanitário, para garantir que jornalistas e trabalhadores da imprensa sejam protegidos", diz o comunicado conjunto, divulgado pela delegação francesa.
A nota recorda que o Conselho de Segurança da ONU, numa resolução datada de 2015 e adotada por unanimidade, indicou que os Estados devem respeitar e proteger os jornalistas como civis e que os equipamentos e instalações da imprensa constituem bens civis, não devendo ser objeto de ataques ou represálias.
Lembrando ainda que a resolução adotada em 2015 também exige que os Estados respeitem a independência profissional e os direitos dos jornalistas, as missões diplomáticas condenaram "veementemente todos os esforços para silenciar e restringir a cobertura" mediática independente dentro da própria Federação Russa sobre a invasão à Ucrânia e as hostilidades que se seguiram.
"Milhares de indivíduos que protestam contra a guerra estão a ser presos em toda a Federação Russa. Jornalistas russos que cobrem manifestações antiguerra estão a enfrentar um aumento no assédio, prisão e detenção arbitrária", salienta o comunicado.
Entre as violações "inaceitáveis" cometidas pela Rússia contra o direito do público à informação independente, as missões diplomáticas destacaram que o Roskomnadzor - regulador da imprensa russo - continua a intimidar a imprensa independente, bloqueando os seus sites e forçando-os a remover artigos.
O regulador russo "também bloqueou o acesso ao Facebook, Twitter e outros meios de comunicação estrangeiros na Rússia, sob o falso pretexto de que eles estavam a divulgar informações fictícias sobre a guerra na Ucrânia, deixando milhões de pessoas na Rússia isoladas de muitas fontes de informação 'online'", lamenta a nota.
Também a Bielorrússia foi duramente criticada no comunicado, sendo acusada de repressão generalizada aos meios de comunicação independentes e da detenção de 32 jornalistas e trabalhadores de imprensa.
"Apelamos à unidade dentro da comunidade internacional para proteger os direitos e a segurança dos jornalistas e trabalhadores da media na Ucrânia, e pedimos assistência humanitária urgente para esses profissionais na Ucrânia para garantir que possam continuar o trabalho com segurança", pede a nota.
"A liberdade de imprensa e o acesso livre e desinibido à informação, tanto 'online' como 'offline', será a única maneira possível de verificar e testemunhar os eventos atuais na Ucrânia", frisa o texto.
As autoridades da Ucrânia registaram a morte de cinco jornalistas e 148 crimes contra repórteres e meios de comunicação social no primeiro mês de guerra, anunciou na quinta-feira um centro ucraniano sobre comunicação e informação.
Além dos jornalistas mortos, sete ficaram feridos, seis foram raptados e um foi dado como desaparecido, segundo o Centro Ucraniano para a Segurança Estratégica da Comunicação e da Informação, citado pela agência espanhola EFE.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
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