"Vemos tais atos como a potencial militarização da região e vemos também muito pouca razão em termos de segurança do Pacífico para justificar essa necessidade e essa presença", disse Jacinda Ardern à Radio New Zealand, referindo-se à proposta de acordo de segurança entre Pequim e Honiara, que descreveu como "seriamente preocupante".
Ardern fez eco das preocupações expressas pelo Governo australiano após a divulgação do projeto, em meios de comunicação social, na quinta-feira, no qual se propõe que a marinha chinesa atraque, reabasteça e faça escalas nas Ilhas Salomão, localizadas a 2.000 e 3.755 quilómetros, respetivamente, da Austrália e da Nova Zelândia.
Segundo a proposta, o Governo de Honiara pode pedir a Pequim que envie polícia armada, pessoal militar e outras forças de segurança e armadas "para ajudar a manter a ordem social e proteger as vidas e bens do povo".
Na sexta-feira, o ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, manifestou preocupação sobre "o estabelecimento de quaisquer bases militares", salientando ao mesmo tempo os esforços do seu país e dos seus aliados, tais como os Estados Unidos, para evitar "mais pressões e esforços chineses de reforçar a presença nesta região".
A Austrália, que realiza eleições gerais em maio, tem sido um parceiro histórico das Ilhas Salomão, que assistiu a violentos protestos em novembro, que apelaram à demissão do primeiro-ministro, Manasseh Sogavare, que em 2019 decidiu mudar a sua aliança com Taiwan para apoiar a China.
Além disso, as Ilhas Salomão foram palco de disputas étnicas entre grupos armados rivais entre 1998 e 2003, nos quais 200 pessoas morreram e obrigaram à deslocação de milhares.
Estes confrontos forçaram o destacamento, entre 2003 e 2013, da Missão de Assistência Regional às Ilhas Salomão, liderada pela Austrália, para pacificar o país.
Leia Também: Nova Zelândia e Ilhas Salomão na final da zona Oceânia