A visita, muito aguardada por estas delegações, levará ao "reconhecimento de responsabilidade" pela Igreja Católica e, a prazo, a um pedido de desculpas do Papa pela violência perpetrada durante décadas nesses colégios internos para nativos administrados pelas Igrejas Católica e Anglicana.
Hoje, o líder católico recebeu em audiência privada membros do Conselho Nacional dos Métis e da organização sem fins lucrativos Inuit Tapiriit Kanatami (anteriormente conhecida como Irmandade Esquimó do Canadá); na quinta-feira, receberá representantes das Primeiras Nações; e, na sexta-feira, terá uma reunião com todas as delegações.
"O Papa escutou-nos. Ele ouviu três histórias das muitas que temos para contar" e "acenou com a cabeça enquanto os nossos sobreviventes contavam as suas histórias", declarou à imprensa Cassidy Caron, presidente do Conselho Nacional dos Métis, no final do encontro.
"Senti uma certa tristeza nas suas reações (...) As únicas palavras que proferiu em inglês foram: 'verdade, justiça, reparação'. Encaro-as como um compromisso pessoal", acrescentou a representante dos Métis numa conferência de imprensa na praça de São Pedro, em Roma.
"Esperamos que a resposta do Papa, na sexta-feira, na audiência geral, mostre que ele reconhece o que partilhámos hoje" e que "isso leve a um pedido de desculpas quando ele for ao Canadá", uma viagem prevista mas para a qual não foi ainda anunciada uma data.
A descoberta, nos últimos meses, de centenas de sepulturas de crianças anónimas junto aos edifícios desses internatos geridos pelas Igrejas Católica e Anglicana abalou o Canadá, e muitos sobreviventes esperam agora um pedido de desculpas formal do Papa.
Em setembro de 2021, a Igreja Católica do Canadá apresentou um pedido de desculpas oficial aos povos autóctones do país.
Entre o final do século XIX e os anos 1980, cerca de 150.000 crianças indígenas foram levadas à força para mais de 130 internatos em todo o país, onde foram isolados das respetivas famílias, da sua língua e da sua cultura.
Milhares deles nunca regressaram a casa -- as autoridades estimam esse número entre 4.000 e 6.000. Em 2015, uma comissão de inquérito nacional classificou tal sistema como um "genocídio cultural".
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