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Biden recusa pedir desculpa por ter pedido saída do poder de Putin

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recusou hoje pedir desculpa por ter pedido a saída do poder do seu homólogo russo, Vladimir Putin, defendendo que expressou uma "indignação moral" e não uma "mudança política".

Biden recusa pedir desculpa por ter pedido saída do poder de Putin
Notícias ao Minuto

20:40 - 28/03/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"Eu estava a expressar a indignação moral que sentia em relação a essa pessoa. Não articulei uma mudança política", referiu.

Joe Biden acrescentou ainda que não está preocupado com o facto dos seus comentários, proferidos no sábado durante uma viagem à Polónia, aumentarem as tensões no conflito na Ucrânia.

"Estas [declarações] são apenas o afirmar de um simples facto, que este tipo de comportamento é totalmente inaceitável", acrescentou durante um evento na Casa Branca.

As declarações sobre Putin aconteceram durante a viagem à Europa que decorreu no final da semana passada, e foram proferidas em concreto em Varsóvia, onde defendeu a união das democracias para uma longa luta global contra a autocracia.

Ao ser questionado por jornalistas no sábado na Polónia sobre o que pensava sobre Vladimir Putin face ao que o Presidente russo fazia sofrer os ucranianos, Joe Biden respondeu: "Ele é um carniceiro".

Não foi a primeira vez que Biden usou palavras duras em relação a Putin, considerado o principal responsável pela invasão russa da Ucrânia, que já causou milhares de mortes. Nos últimos dias, o Presidente norte-americano designou-o, por duas vezes, como "criminoso de guerra".

Ainda durante a visita oficial à Polónia, no flanco oriental da NATO, Biden declarou: "Quando vemos uma mulher de 30 anos em frente a um tanque com uma espingarda (...), se falamos da praça Tiananmen [na China, em 1989], isto é a praça Tiananmen em maior escala".

Joe Biden elogiou assim o povo ucraniano, sublinhando a sua "coragem e resistência", ao falar em Rzeszow, no sul da Polónia, a 80 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, onde se tinha deslocado no primeiro dia da sua visita à Polónia para ver com "os próprios olhos" a destruição causada pela invasão russa da Ucrânia.

As palavras de Biden na Europa causaram polémica nos Estados Unidos e abalaram alguns aliados europeus.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reagiu hoje, defendendo que o mundo precisa de "uma desescalada militar e retórica".

Também o Presidente de França, Emmanuel Macron, alertou, no domingo, contra uma "escalada das palavras e das ações na Ucrânia", após as declarações do Presidente norte-americano.

"Eu não usaria esse tipo de linguagem porque continuo a falar com o Presidente Putin", declarou Macron ao canal de televisão France 3.

Já o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, tem reagido às palavras de Biden, apesar de se encontrar agora numa viagem pelo Médio Oriente, onde pretende solidificar parcerias dos EUA quando está perto a reativação do acordo nuclear com o Irão.

Durante uma conferência de imprensa em Jerusalém, Blinken referiu que Biden pretendeu dizer que "Putin não pode ter poder para fazer guerra ou se envolver em agressão contra a Ucrânia ou qualquer outro [país]".

Dentro de portas, embora a Casa Branca tenha insistido que Biden não pediu uma mudança de regime, os republicanos questionaram a razão pela qual o líder dos EUA decidiu deixar o 'guião' e proferir declarações inflamáveis.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

[Notícia atualizada às 21h24]

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