O oligarca Mikhail Fridman, um cidadão russo que nasceu na cidade ucraniana de Lviv, comparou as sanções impostas contra si pelo Reino Unido - devido à invasão da Ucrânia pela Rússia - a prisão domiciliária e afirmou que as autoridades britânicas “têm” de lhe atribuir “uma quantia” para que possa apanhar um táxi e ir comprar comida.
Em entrevista para a versão inglesa do jornal El País, o oligarca - fundador do consórcio multinacional Alfa Group - diz que as sanções “são contraproducentes” do ponto de vista prático, uma vez que “empurram os empresários a voltar para a Rússia, já que não podem ir para outro sítio”.
Em Londres, onde reside desde 2015, o homem de 57 anos conta que todos os seus cartões de créditos foram bloqueados e exige que as autoridades britânicas lhe atribuam “uma certa quantia” para ir comprar comida e continuar com o “custo de vida” da capital inglesa.
“As autoridades da Grã-Bretanha têm de me atribuir uma certa quantia para que eu possa apanhar um táxi e comprar comida, mas será uma quantia muito limitada se olharmos para o custo de vida em Londres. Ainda não sei se será suficiente para viver uma vida normal sem excessos. Eu nem sequer posso levar alguém a um restaurante. Tenho de comer em casa e estou praticamente em prisão domiciliária”, considera.
Ao jornal espanhol, o oligarca sublinha que “as coisas não vão melhorar para o Ocidente” se os países continuarem a “forçar muitos empreendedores brilhantes e interessantes a irem para a Rússia”. “Os negócios privados não têm influência sobre [Vladimir] Putin”, atirou, acrescentado que é “idiotice” acreditar que os oligarcas podem forçar o presidente russo a colocar fim àquilo que descreve como “um desastre” e “o que está a acontecer na Ucrânia”.
Fridman reitera que investiu milhares de milhões de dólares no Reino Unido e noutros países europeus e lembra “as inúmeras pessoas que dependem” de si, aludindo aos entre 400 e 500 mil funcionários do Alfa Group.
E sublinha: “Não existe clube de oligarcas. Somos todos pessoas diferentes. Estávamos focados exclusivamente nos negócios e nunca quisemos chegar perto do poder”.
Assinala-se esta terça-feira o 34.º dia desde o início da invasão russa da Ucrânia. Segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU), 1.151 civis foram mortos e 1.804 ficaram feridos até ao final do dia de domingo.
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