"Podemos dizer que os sinais que estamos a observar das negociações são positivos, mas não silenciam as explosões ou os projéteis russos", realçou o chefe de Estado da Ucrânia numa mensagem de vídeo divulgada na rede social Telegram, depois de delegações dos dois países terem hoje retomado na Turquia negociações presenciais sobre um cessar-fogo.
No mesmo dia em que Moscovo anunciou uma redução das ações militares no oeste ucraniano, em particular nas proximidades de Kiev, Zelensky alertou ainda que a Rússia tem um potencial significativo para continuar os ataques contra a Ucrânia.
"Não vemos razões para acreditar nas palavras ditas por vários representantes de um Estado [Rússia] que continua a lutar com a intenção de nos destruir", acrescentou o governante.
Segundo Volodymyr Zelensky, a situação "não ficou mais fácil" e "a escalada dos desafios não diminuiu".
O chefe de Estado ucraniano apelou também para que não sejam levantadas as sanções contra a Rússia por parte dos países ocidentais.
"Esta questão só pode ser considerada quando a guerra terminar e depois de termos recuperado o que é nosso", advertiu.
A Rússia prometeu hoje reduzir "drasticamente" a sua atividade militar em direção às cidades ucranianas de Kiev e Cherniguiv, após a ronda de negociações com a Ucrânia, que decorrem em Istambul.
"Como as negociações sobre um acordo de neutralidade e estatuto não nuclear da Ucrânia entraram numa dimensão prática (...) foi decidido, como forma de aumentar a confiança, reduzir drasticamente a atividade militar em direção a Kiev e Cherniguiv", afirmou o vice-ministro da Defesa russo, Alexandre Fomine.
O chefe da delegação russa e conselheiro presidencial, Vladimir Medinsky, admitiu "discussões substanciais" e referiu que as propostas "claras" da Ucrânia para um acordo seriam "estudadas muito em breve e submetidas ao presidente", Vladimir Putin.
O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu hoje "progresso" nas negociações sobre um cessar-fogo na Ucrânia, numa conversa telefónica com o seu homólogo francês, apelando simultaneamente à rendição das tropas "nacionalistas" ucranianas que defendem a cidade de Mariupol.
De acordo com a Presidência francesa, Vladimir Putin garantiu que não está disposto a desistir dos seus objetivos militares na Ucrânia, em particular em Mariupol, recusando-se a levantar o cerco daquela cidade.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
[Notícia atualizada às 22h27]
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