Os cerca de duas dezenas de manifestantes reuniram-se hoje numa praça no centro de Bishkek, respondendo a um apelo feito nas redes sociais para marcharem até à embaixada russa em Bishkek, com o objetivo de denunciar a ofensiva russa na Ucrânia, segundo um jornalista da agência de notícias AFP no local.
Os manifestantes foram todos rapidamente detidos pela polícia, de acordo com a AFP.
A polícia fez as detenções depois de pedir aos manifestantes que se dispersassem, citando uma decisão do tribunal de Bishkek, que na sexta-feira proibiram todas as reuniões na capital relacionadas à 'operação militar' russa lançada na Ucrânia em 24 de fevereiro.
Os manifestantes declararam que esta decisão é inconstitucional.
Geralmente, as manifestações de protesto são toleradas no Quirguistão, uma ex-República soviética na Ásia Central, que passou por três revoluções e um surto de violência étnica desde 2005.
No vizinho Cazaquistão, as autoridades permitiram no início de março um protesto com cerca de 2.000 pessoas em Almaty, capital económica do país, contra a ofensiva russa na Ucrânia.
Mas, duas semanas depois, o Cazaquistão recusou-se a autorizar um novo protesto organizado pelos mesmos motivos.
O Cazaquistão, que tradicionalmente mantém relações cordiais com a Rússia e o Ocidente, está a procurar de um equilíbrio entre o seu distanciamento da campanha militar russa na Ucrânia e manter os seus laços amistosos com Moscovo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.