Tensão entre exército e manifestantes em protesto no Sri Lanka

Um impasse tenso no Sri Lanka colocou hoje o exército contra os manifestantes que protestavam contra a crise económica sem precedentes do país, após um bloqueio dos meios de comunicação social que não conseguiu impedir comícios antigovernamentais.

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© ISHARA S. KODIKARA/AFP via Getty Images

Lusa
03/04/2022 17:26 ‧ 03/04/2022 por Lusa

Mundo

Sri Lanka

Os protestos no país do sudeste asiático foram desencadeados por graves carências de bens essenciais, subida de preços e longos cortes de energia.

O Presidente Gotabaya Rajapaksa impôs o estado de emergência na sexta-feira, um dia depois de multidões tentarem invadir a sua residência na capital, Colombo, e foi imposto um recolher obrigatório a nível nacional até segunda-feira de manhã.

Twitter, Facebook, WhatsApp, YouTube e Instagram foram tornados inacessíveis em todo o país, um bloqueio denunciado pela principal aliança da oposição, a Samagi Jana Balawegaya (SJB).

Antes da entrada em vigor do bloqueio, ativistas anónimos tinham publicado online apelos para novos protestos em massa hoje, acompanhados de hashtags antigovernamentais como #GoHomeRajapaksas ("Fora com os Rajapaksas").

"Não se deixe dissuadir pelo gás lacrimogéneo, muito em breve ficarão sem dólares para reabastecer", lia-se num post publicado sábado.

Apesar destas medidas, várias centenas de pessoas, lideradas por deputados da oposição, reuniram-se hoje fora da residência do líder da oposição, Sajith Premadasa, e dirigiram-se para a Praça da Independência, em Colombo, desafiando o recolher obrigatório em vigor.

Mas foram rapidamente impedidos de avançar por um dos militares e polícias armados com espingardas de assalto. Seguiu-se um impasse tenso entre os dois lados durante cerca de duas horas, antes de a multidão se dispersar pacificamente.

Normalmente, o papel do exército limita-se a apoiar a polícia. Mas com o estado de emergência proclamado sexta-feira à noite pelo Presidente Rajapaksa, esta pode intervir por iniciativa própria, incluindo a detenção de civis.

"É melhor que o Presidente Rajapaksa perceba que a maré já se virou contra o seu regime autocrático", disse Harsha de Silva, deputada do SJB.

"Não podemos tolerar uma tomada de controlo militar. Eles devem saber que ainda somos uma democracia", acrescentou.

O país de 22 milhões de pessoas vive a sua pior crise económica desde a independência, em 1948.

O turismo e as remessas da diáspora, vitais para a economia, entraram em colapso durante a pandemia e as autoridades impuseram uma ampla proibição às importações para tentar poupar moeda estrangeira.

As más decisões políticas têm agravado os problemas, dizem os economistas. Cortes fiscais, pouco antes da pandemia, privaram o governo de receitas e fizeram disparar a dívida. A crise atual ameaça frustrar as esperanças de um renascimento do turismo.

O Sri Lanka pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas as negociações poderão durar até ao final do ano.

Leia Também: Redes sociais bloqueadas no Sri Lanka. Governo tenta conter protestos

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