Estas provas, essenciais para determinar o destino de dezenas de milhares de pessoas desaparecidas e processar os autores dos abusos, incluem documentos governamentais, arquivos dos serviços de informação e locais de valas comuns.
A "Associação de Detidos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya" (ADMSP), a "Human Rights Watch" e a Amnistia Internacional consideraram que as autoridades sírias de transição "devem tomar medidas urgentes para assegurar e preservar as provas das atrocidades cometidas durante o governo do antigo Presidente".
A prisão de Saydnaya, palco de numerosas execuções extrajudiciais, torturas e desaparecimentos forçados, é o exemplo das atrocidades cometidas pelo "clã Assad" contra os opositores.
"Cada minuto de inação aumenta o risco de uma família nunca descobrir o que aconteceu ao seu ente querido desaparecido e de alguém responsável por crimes horríveis escapar à justiça", afirmou Shadi Haroun, da ADMSP, num comunicado divulgado pela Amnistia Internacional.
Em todos os centros de detenção visitados, os investigadores descobriram que os documentos oficiais "eram frequentemente deixados desprotegidos, com muitos partes saqueadas ou destruídas", lamentaram as ONG.
Citando relatos de testemunhas oculares, as ONG afirmaram que "em alguns casos, o pessoal da segurança e dos serviços secretos queimou informações importantes antes de fugir quando o governo de Assad caiu".
Outros testemunhos referiram que os documentos foram queimados e saqueados por grupos armados e por detidos recentemente libertados "que assumiram o controlo das instalações".
Os investigadores das ONG também observaram "cidadãos comuns, incluindo famílias de detidos desaparecidos e jornalistas, a levarem certos documentos".
"Estes documentos podem conter informações vitais", estimaram as ONG, apelando às novas autoridades para que coordenem com a ONU "a segurança urgente destes locais e a garantia de que as restantes provas não são adulteradas".
Salientando a "importância de proteger os locais das valas comuns em todo o país", as ONG afirmaram também que as novas autoridades tinham "prometido reforçar a segurança em torno de instalações-chave".
"Este é um momento crucial para (...) preservar as provas como pedra angular da responsabilização e da reconciliação", afirmou Aya Majzoub, diretora regional adjunta para o Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional.
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