"Felizmente, o ridículo não mata. Infelizmente, os franceses não foram poupados: François Bayrou montou uma coligação do fracasso. Em 2025, mais do que nunca, o RN (sigla francesa para União Nacional) estará lá para defender e proteger os nossos compatriotas , enquanto esperamos pela substituição", frisou Jordan Bardella na rede social X.
A reação do número dois de Marine Le Pen surgiu minutos depois de ser conhecida a lista completa dos ministros que acompanharão Bayrou, apesar de Le Pen ter garantido que a posição do seu partido dependerá da linha política que Bayrou adotar no seu discurso de política geral, que não acontecerá antes de 14 de janeiro.
É uma posição semelhante à que já adotou com o anterior primeiro-ministro, o conservador Michel Barnier, que durou apenas três meses no cargo e caiu com a primeira grande prova de fogo, os orçamentos para 2025, ao não ter apoio parlamentar para além do centro e não conseguir salvar moções de censura.
Bayrou estará no mesmo estado de fraqueza depois das suas tentativas frustradas de incorporar a esquerda moderada, especificamente o Partido Socialista, durante as conversações para formar um Governo que manteve nos últimos dez dias.
"Não é um governo, é uma provocação. A extrema-direita chega ao poder sob a vigilância da extrema-direita", frisou na rede social X o líder socialista, Olivier Faure, tendo em vista um novo governo essencialmente de continuidade, com pesos pesados do macronismo e da direita tradicional.
O único aceno certo à esquerda entre os anúncios de hoje foi a incorporação como ministro do Ultramar do antigo primeiro-ministro de François Hollande, Manuel Valls, que se separou do Partido Socialista Francês ao dar o seu apoio a Emmanuel Macron para as eleições presidenciais de 2017.
As restantes formações de esquerda - parceiras do PS na coligação da Nova Frente Popular (NFP), com a qual em julho conseguiram manter-se como primeira força, sem maioria absoluta, numa Assembleia Nacional muito dividida - também previu um futuro efémero para o novo Executivo.
"Um governo cheio de pessoas que foram expulsas do cargo e que ajudaram a afundar o nosso país... com o apoio de Marine Le Pen e do RN. Este governo tem apenas um futuro: a moção de censura", apontou Mathilde Panot, líder dos deputados do esquerdista France Insoumise, no X.
Por seu lado, numa primeira reação nas redes sociais após o anúncio da sua equipa de Governo, Bayrou manifestou estar "orgulhoso" dos nomes que o acompanharão, porque é "um grupo com experiência para conciliar e renovar a confiança com todas as pessoas francesas".
O hemiciclo está dividido em três blocos: esquerda, macronistas/direita e a extrema-direita.
Bayrou é o sexto chefe de governo desde que Macron foi eleito pela primeira vez em 2017 e o quarto em 2024, numa instabilidade que não se via em França há décadas.
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