"Há uma questão que se coloca: a quem serve esta provocação aberta e mentirosa (...). Somos levados a pensar que serve para encontrar um pretexto destinado a torpedear as negociações em curso", afirmou Lavrov numa mensagem por vídeo difundida na televisão russa.
"Exatamente no momento em que, e em conformidade com o acordado em Istambul, a parte russa, como gesto de boa vontade, decidiu reduzir a tensão no terreno, principalmente nas regiões de Kyiv e Chernigiv, nesse momento três dias após o nosso exército ter abandonado a cidade de Bucha, organizou-se aí uma provocação", indicou Lavrov.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo assegurou que o objetivo de Kyiv "consistiu em desviar a atenção do processo de negociação" e "tentar apresentar novas condições".
"Tal como os 'media' ocidentais propagaram a falsidade sobre a cidade de Bucha, os negociadores ucranianos tentaram interromper por completo o processo de negociação", acrescentou, citado pela agência noticiosa Interfax.
"Qual o motivo desta provocação aberta e falsa, cuja verdade é impossível de justificar?", interrogou-se, para insistir que as autoridades russas "tendem a acreditar" que o motivo "reside no desejo de encontrar uma razão para interromper as negociações em curso".
Desta forma, advertiu Kyiv que, para garantir "um progresso real e não uma aparência" as autoridades ucranianas não devem "sabotar" os acordos concluídos com Moscovo. "Caso contrário, corremos o risco de repetir o destino dos Acordos de Minsk e nunca o aceitaremos", advertiu.
Em simultâneo, também alertou que caso a Ucrânia "continue a recusar discutir a desnazificação e a desmilitarização", esse fator contribuirá para o decorrer do processo negocial.
A última ronda de conversações entre as partes envolvidas no conflito decorreu há uma semana em Istambul, e o compromisso de Kyiv e Moscovo consiste em prosseguir o diálogo, apesar de não existir um calendário preciso.
Na sequência do diálogo, a Rússia anunciou uma "redução drástica" das suas operações militares na região de Kyiv e na cidade de Chernigiv, no norte do país.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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