Wall Street fecha em baixa com dureza surpreendente de governadora da Fed

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em baixa, afetada pelo setor tecnológico, com os investidores a reagirem às afirmações de uma dirigente do banco central sobre a necessidade de bater "forte" na inflação.

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Lusa
05/04/2022 23:21 ‧ 05/04/2022 por Lusa

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Wall Street

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average recuou 0,80%, para as 34.641,18 unidades, o tecnológico Nasdaq largou cais do que tinha ganho na véspera, ao desvalorizar 2,26%, para os 14.204,17 pontos, ao passo que o alargado S&P500 perdeu 1,26%, para os 4.525,12.

Uma governadora da Reserva Federal (Fed), Lael Brainard, habitualmente apoiante de uma política monetária acomodatícia, afirmou que o banco central dos EUA deveria estar "pronto para agir mais fortemente" contra a inflação.

A dirigente da Fed também defendeu uma redução do balanço da instituição a partir da sua próxima reunião de maio, uma medida que equivaleria a apertar a concessão de crédito para jugular a inflação.

"Os investidores sabiam até aqui que os membros da Fed tinham a intenção de elevar a taxa de juro de referência em 50 pontos-base (0,50%), talvez mesmo em cada reunião. Mas o que desconheciam é eles pensavam em começar a reduzir o balanço a partir da próxima reunião!", exclamou Gregori Volokhine, da Meeschaert Financial Services.

"Isto não estava previsto. É a primeira vez que temos uma data", acrescentou.

As transações que tinham começado hoje modestamente em baixa, agravaram as perdas depois destas declarações belicistas da governadora, que continua à espera da confirmação do Senado para o posto de vice-presidente do banco central.

Depois das suas afirmações, os rendimentos das obrigações aceleraram a sua progressão ascendente, com as dos títulos de dívida pública a 10 anos a atingirem o máximo de três anos, ao mesmo tempo que o dólar se reforçava face às principais divisas.

"Já não podemos dizer que não estamos a ver um endurecimento monetário severo, mesmo que seja justificado em relação à inflação", indicou Volokhine.

"O mercado continua a reagir em baixa ao que desconhece. O que não conhecia era um discurso ainda mais duro por parte da Fed", concluiu.

Outros fatores arrefeceram as trocas, como o sinal dado pelo banco central da Austrália, que poderia ser mais duro do que previsto, ao se deixar de declarar "paciente" em relação ao endurecimento da sua política monetária.

Os confinamentos contra o novo coronavirus em vigor em Xangai, na China, continuam a preocupar os investidores, ao reavivarem os receios de novos problemas nas cadeias logísticas, que continuam por recuperar na totalidade do impacto, causada pela pandemia, à escala mundial, apontou Brad Bechtel, diretor para o mercado cambial da Jefferies.

"Todos os banqueiros centrais falam de problemas nas cadeias de aprovisionamento, porque isso pesa sobre a inflação" e as perspetivas da política monetária, constatou.

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