Vítimas de Srebrenica acusam Rússia de negar genocídio

As famílias dos 8.000 muçulmanos massacrados em 1995 pelas forças sérvias-bósnias na cidade bósnia de Srebrenica acusaram hoje a Rússia de negar o genocídio ao afirmar que esse e o cometido pelas tropas russas na Ucrânia são montagens.

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© Reuters

Lusa
05/04/2022 23:55 ‧ 05/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Com a sua declaração sobre o genocídio de Srebrenica, [a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria] Zakharova mostra que ela e o Governo da Rússia não só apoiam quem comete genocídio, como provam que também a Rússia desempenha o seu papel na negação e diminuição das vítimas", sustentou a associação "Mães de Srebrenica" na rede social Twitter.

Esta associação reagiu assim a declarações da porta-voz do MNE russo em que esta respondia ao apelo dos Estados Unidos para que o Presidente russo, Vladimir Putin, seja julgado pelo massacre de civis na cidade ucraniana de Bucha, onde, após a retirada das tropas russas, foram encontrados cadáveres de civis pelas ruas e em valas comuns, com sinais de terem sido executados.

"Excelente ideia: comecem pelo bombardeamento da Jugoslávia e a ocupação do Iraque. Também podem acrescentar os diretores de produção em Srebrenica. E, claro, o tráfico de órgãos no Kosovo. Quanto terminarem, podem ocupar-se do lançamento da bomba nuclear no Japão", disse Zakharova, segundo a imprensa bósnia.

Também a ministra dos Negócios Estrangeiros bósnia, Bisera Turkovic, condenou as declarações de Zakharova sobre Srebrenica, descrevendo-as como "absolutamente inaceitáveis e uma falsificação histórica".

A chefe da diplomacia bósnia recordou que o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) foi criado pelo Conselho de Segurança da ONU, com a Rússia como membro permanente, em 1993, em plena guerra bósnia (1992-1995), para julgar os crimes cometidos nesse conflito.

Entre outros, o TPIJ condenou a prisão perpétua pelo genocídio de Srebrenica - que deu como provado - e outros crimes de guerra o ex-líder militar sérvio-bósnio Ratko Mladic.

 

Leia Também: Estados Unidos e aliados vão proibir novos investimentos na Rússia

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