A Human Rights Watch e a Amnistia Internacional dizem que as forças de segurança de Amhara, "expulsaram centenas de milhares de civis tigrianos de suas casas por meio de ameaças, assassinatos ilegais, violência sexual, prisões arbitrárias em massa, saques, realocação forçada e negação de ajuda humanitária".
Num relatório conjunto, as duas ONGs dizem que "estes ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil tigriana constituem crimes contra a humanidade e crimes de guerra", que têm contado "com a aquiescência e possível envolvimento das forças federais etíopes".
As organizações, que entrevistaram mais de 400 vítimas e testemunhas, exigiram ao governo etíope o fim das "atrocidades", o acesso de agências humanitárias à área e o apoio a iniciativas que garantam a responsabilização dos responsáveis por este alegados crimes.
O diretor executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth, criticou as autoridades etíopes, que "negaram categoricamente a escandalosa abundância de crimes cometidos e que tomaram a terrível decisão de os ignorar".
O relatório pede que qualquer acordo alcançado pelas partes no conflito armado inclua o envio de uma força de paz internacional, liderada pela União Africana, para a área de Tigray Ocidental, para garantir a proteção de todas as comunidades contra os abusos.
"A resposta dos parceiros regionais e internacionais da Etiópia é inconsistente com a gravidade dos crimes que continuam a ser cometidos em Tigray Ocidental", disse a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard.
As forças governamentais e os independentistas do Tigray confrontam-se no norte da Etiópia desde que, em novembro de 2020, Abiy Ahmed, prémio Nobel da paz no ano anterior, enviou o exército federal para desalojar as autoridades da região, governada pela Frente de Libertação do Povo do Trigray (TPLF), que contestava a autoridade de Ahmed há meses.
Rapidamente derrotadas, as tropas rebeldes do TPLF conseguiram, em 2021, recuperar militarmente a zona de Tigray e o conflito alastrou às regiões vizinhas de Amhara e Afar, causando vários milhares de mortos.
O conflito desencadeou uma grave crise humanitária no norte da Etiópia, onde mais de nove milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU.
O PAM indicou, em janeiro, que 4,6 milhões de pessoas, ou 83% de cerca de seis milhões de habitantes da região de Tigray, estão em situação de "insegurança alimentar", enquanto que dois milhões sofrem de "extrema penúria alimentar".
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