"Russos chegaram e mataram homens abaixo dos 50 anos". Mykolav tem 53
Um relato aterrador feito na primeira pessoa a um jornalista no local, em Bucha, nos arredores de Kyiv.
© Reprodução James Longman/ Twitter
Mundo Bucha
Um homem que viveu durante cerca de um mês na cave do prédio onde morava, em Bucha, descreveu como foi traumatizante viver na cidade sob ataque das tropas russas, que anunciaram a retirada do local a semana passada.
Mykolav, de 53 anos, contou a um correspondente da ABC News que a razão pela qual está vivo é a sua idade. Segundo detalhou ao jornalista, que fez um fio de publicações no Twitter sobre a sua história, as tropas russas estariam a matar todos os homens com menos de 50 anos.
"Quando os russos chegaram, mataram todos os homens abaixo dos 50 anos. Ele tem 53. Disse-nos isto enquanto tremia, traumatizado. Deram-lhe 20 minutos para enterrar os amigos", descreveu, na terceira pessoa, James Longman.
THREAD from Bucha.
— James Longman (@JamesAALongman) April 5, 2022
We met Mykola. He and his wife spent a month living in the cellar of his apartment building. When the Russians arrived, they killed all the men below 50. He’s 53. He told us this shaking with the trauma of it. They gave him 20 minutes to bury his friends. pic.twitter.com/DqayuM2jUH
Ao encontrarem civis ucranianos, as tropas pediam a identificação e, segundo Mykolav, todos os homens eram obrigados a despir-se. As tropas estariam à procura de tatuagens e, segundo Mykolav, procuravam nos documentos alguma coisa que pudesse levantar suspeitas que alguém pudesse ser uma ameaça.
O ucraniano explica ainda que dois dos seus amigos foram baleados à sua frente, e o terceiro foi atingido por uma granada. Os cadáveres terão ficado na rua durante dias, até o ucraniano ter sido autorizado a enterrá-los. As tropas russas deram-lhe 20 minutos para enterrar os amigos, a quem Mykolav quis dar "alguma dignidade" e enterrou-os junto ao seu apartamento. "Eu queria protegê-los dos cães", contou à ABC.
Three graves sit just opposite his apartment block. Each marked with a wooden plank and a religious icon attached. He wanted to give them whatever dignity he could. ‘But it’s too shallow,’ he says, almost apologetically. ‘I just wanted to protect them from the dogs.’ pic.twitter.com/Z3gl4JVVh0
— James Longman (@JamesAALongman) April 5, 2022
O jornalista, James Longman, detalha, ainda, como visitou as valas comuns que "apareceram nas imagens de satélite", junto da igreja local. "Vimos sacos com corpos atirados uns em cima de outras vítimas que estavam enroladas em lençóis ou mesmo sem nada".
We went to the mass grave satellite images have seen near the church. We saw bags of bodies dumped on top of other victims who were either wrapped in sheets or nothing at all. pic.twitter.com/GiL8oyOrdR
— James Longman (@JamesAALongman) April 5, 2022
Recorde-se que no início desta semana, após a retirada das tropas russas, foram descobertos mais de 300 cadáveres de civis em Bucha, na Ucrânia. Há registos de valas comuns e civis torturadas, assim como relatos de mulheres e crianças violadas.
Apesar de o Kremlin acusar a Ucrânia de encenar um massacre, uma investigação do New York Times, que acedeu às imagens de satélite, permitiu concluir que muitas cadáveres de civis já se encontravam nas ruas da cidade em março, quando a cidade se encontrava sob o controlo das tropas russas. A publicação continua a publicar vídeos nos quais é possível ver que as tropas russas dispararam sobre civis. Volodymyr Zelensky visitou esta semana Bucha.
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