"As explicações dadas pelo lado russo, segundo as quais os eventos foram encenados ou que a Rússia não foi responsável pelas mortes, não são defensáveis aos nossos olhos", após uma "avaliação de imagens de satélite" publicadas, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, numa conferência de imprensa em Berlim.
O responsável lembrou que "as forças armadas e de segurança russas foram enviadas para esta região em 03 de março" e que as "análises de imagens de satélite tiradas entre 10 e 18 de março de 2022 (...) mostram que as vítimas em Bucha estavam lá desde pelo menos 10 de março".
"Os homicídios cometidos por unidades das forças armadas e de segurança russas são, portanto, prova de que o presidente russo [Vladimir] Putin pelo menos aceitou essas violações dos direitos humanos e crimes de guerra para alcançar os seus objetivos", sublinhou Hebestreit.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também disse hoje aos deputados alemães que "a afirmação cínica da Rússia de que esta é uma encenação volta-se contra aqueles que espalham essas mentiras".
"O homicídio de civis é um crime de guerra, deixemos claro, e os perpetradores e seus patrocinadores devem ser responsabilizados", acrescentou, referindo que apoia o princípio de uma investigação independente.
As autoridades ucranianas descobriram no fim de semana centenas de corpos com roupas civis em Bucha, a noroeste de Kiev, após a retirada dos russos, a quem atribuíram a responsabilidade.
Algumas imagens mostram cadáveres na rua, alguns com as mãos amarradas às costas, parcialmente mutilados ou lançados em valas comuns.
O Kremlin rejeitou "categoricamente" todas as acusações relacionadas, alegando que as imagens divulgadas eram "falsas".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, qualificou estes como "os piores crimes de guerra" desde a Segunda Guerra Mundial e "genocídio".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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