"Os civis transportados através de uma coluna humanitária [composta por autocarros e veículos particulares] fugiram de Mariupol pelos seus próprios meios", confirmou a organização, em Genebra.
"A chegada a Zaporizhia é um grande alívio para centenas de pessoas que sofreram tremendamente e estão agora num lugar seguro", disse o CICV.
No entanto, dezenas de milhares de moradores permanecem presos naquela cidade do litoral ucraniano, cercada há mais de cinco semanas por militares russos, que também impedem a entrada de qualquer tipo de ajuda humanitária.
As autoridades locais estimam que cerca de 130.000 civis permanecem na cidade, em condições extremamente difíceis, com falta de comida e de água e sem aquecimento nem eletricidade há semanas.
O CICV reiterou a sua disponibilidade para colaborar "como intermediário neutro" na retirada dos habitantes de Mariupol, o que tem tentado fazer desde sexta-feira passada, mas sem sucesso porque Rússia e Ucrânia não cheguem a um acordo claro sobre o cessar-fogo necessário para realizar esta operação humanitária.
A organização também pediu para ter acesso aos pormenores sobre as rotas de saída, os horários acordados e o destino final dos civis, após acusações de que milhares de pessoas que saíram de Mariupol foram levadas contra a sua vontade para território controlado por forças russas ou mesmo para a Rússia.
O presidente da Câmara de Mariupol disse hoje que as tropas russas "estão a tentar encobrir o seu rasto" de destruição e começaram a utilizar crematórios móveis para fazerem desaparecer os "vestígios dos seus crimes" na cidade.
Numa mensagem publicada na rede social Telegram, Vadym Boychenko afirmou que, "após o genocídio generalizado cometido em Bucha, os principais líderes da Rússia ordenaram a destruição de qualquer evidência dos crimes cometidos pelo seu exército em Mariupol".
"Há uma semana, algumas estimativas cautelosas indicavam 5.000 mortos [em Mariupol]. Mas, dado o tamanho da cidade, a destruição catastrófica, a duração do bloqueio e a resistência feroz, dezenas de milhares de civis de Mariupol podem ter sido vítimas dos ocupantes russos", sublinhou.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que matou, pelo menos, 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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