Jornalistas são vítimas de agressões de vários tipos na Ucrânia

As consequências da atividade jornalística no contexto da invasão russa da Ucrânia motivam o essencial da lista mensal dos '10 casos mais urgentes', elaborada pela organização One Free Press Coalition, que detalha agressões de vários tipos.

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Lusa
07/04/2022 06:47 ‧ 07/04/2022 por Lusa

Mundo

One Free Press

Esta coligação internacional de meios detalha que os jornalistas estão a arriscar as suas vidas, para apresentar os factos e o custo humano da invasão russa, especificando que cinco já foram mortos e vários outros atacados ou dados como desaparecidos.

Acrescenta também que o jornalismo independente na Federação Russa foi "devastado", o que forçou centenas destes jornalistas a saírem para o estrangeiro.

A lista é aberta com o ucraniano OLeksandr Gunko, raptado de sua casa em Nova Kakhovka, no sudeste da Ucrânia, em 03 de abril, por soldados russos e levado para local desconhecido. Poeta, Gunko também é o editor do sítio noticioso Cidade de Nova Kakhovka, que tem coberto as manifestações contra a invasão russa.

O segundo mencionado não corresponde a uma pessoa, mas a um sítio noticioso russo independente, o Sota.Vision, cujos jornalistas têm sido detidos, acusados, presos e multados. Desde 07 de março, já foram detidos pelo menos sete jornalistas, incluindo dois condenados a vários dias em prisão. Por seu lado, os técnicos têm sido multados e assediados, além de terem tido o equipamento apreendido, por cobrirem os protestos contra a invasão.

Segue-se a ucraniana Irina Dubchenko, raptada de sua casa, em 26 de março, pelas forças russas, e levada para Donetsk.

Em quarto lugar, aparece o russo Ivan Safronov, que aguarda julgamento, acusado de "alta traição". Ex-repórter do Kommersant e Vedomosti, foi detido em julho de 2020 por agentes do FSB, devido aos artigos que assinou, designadamente sobre a venda de aviões de combate ao Egito. Se condenado, enfrenta uma pena de 20 anos de prisão. Em julho de 2020, pelo menos 18 jornalistas que se manifestaram em seu apoio foram detidos.

O tártaro da Crimeia Remzi Bekirov, correspondente de outro sítio noticioso, o Grani, integra a lista por, em 10 de março, ter sido condenado a 19 anos de prisão, acusado de organizar atividades terroristas. Bekirov tem transmitido operações das forças russas e julgamentos de tártaros, a par de entrevistas com ativistas do grupo de direitos humanos Crimeia Solidariedade.

Viktoria Roschina, ucraniana, repórter da estação televisiva independente ucraniana Hromadske, foi feita refém pelas forças russas, em 11 de março, quando se deslocava para Mariupol. Foi libertada 10 dias depois, após gravar um vídeo a negar que tivesse sido raptada pelos russos, o que, segundo a Hromadske, foi forçada a fazer.

A sétima referência corresponde à russa Taisia Bekbulatova, editora do sítio noticioso independente Holod. Depois de o Kremlin ter feito aprovar legislação que permite penas de prisão de até 15 anos pela divulgação de informação 'falsa' sobre a invasão da Ucrânia, Bekbulatova tratou de retirar da Federação Russa todos os trabalhadores ligados ao meio.

O nome seguinte é o do Prémio Nobel da Paz 2021, Dmitri Muratov, também galardoado em 2007 pelo Comité de Proteção de Jornalistas (CPJ). Muratov decidiu suspender a publicação do meio independente que fundou e edita, o Novaya Gazeta, em papel e em linha, depois de o regulador russo, Roskomnadzor, ter proibido a divulgação de uma entrevista ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, a meios russos.

O penúltimo nome da lista é o do tártaro Vladislav Yesypenko, correspondente da Radio Free Europe/Radio Liberty, meio financiado pelo Congresso dos EUA, que foi julgado à porta fechada e sentenciado, em fevereiro, a seis anos de prisão por um tribunal na Crimeia ocupada pela Federação Russa. Acusado de posse de explosivos, Yesypenko sustenta que está inocente e que as autoridades "querem desacreditar os jornalistas independentes que querem mostrar o que realmente acontece na Crimeia".

O russo Rodion Seveyanov fecha a lista. Correspondente de guerra na Ucrânia, pela televisão estatal russa Izvestiya, foi ferido, em 29 de março, na cidade de Mariupol, quando ajudava um soldado russo, em cuja força estava incorporado para fazer a cobertura. Seveyanov disse que foi ferido por atirador ucraniano, mas o CPJ não conseguiu uma confirmação independente da autoria do tiro.

Entre as dezenas de associados da One Free Press Coaliton estão as agências Bloomberg, Efe, Reuters e AP, a televisão Al Jazeera, os europeus Corriere Della Sera, De Standaard, Deutsche Welle, Süddeutsche Zeitung e EURACTIV, os 'económicos' The Financial Times, Forbes e Fortune, a revista TIME ou ainda o The Washington Post.

A One Free Press tem como parceiros o Comité de Proteção dos Jornalistas e a Fundação Internacional das Mulheres na Comunicação Social.

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