Numa intervenção perante os deputados finlandeses, o chefe de Estado ucraniano criticou aqueles que fazem o seu país esperar: "Esperar pelas coisas de que precisamos desesperadamente, esperar pelos meios para defender as nossas vidas".
"Precisamos de armas que alguns de nossos parceiros na União Europeia têm", reiterou.
Por videoconferência, o líder ucraniano pediu também à Europa que lance um "cocktail Molotov" de sanções contra a Rússia, referindo-se ao nome das bombas incendiárias artesanais popularizadas pelos finlandeses durante a guerra contra a União Soviética na Segunda Guerra Mundial.
"Por quanto tempo a Europa pode ignorar um embargo contra o petróleo russo? Por quanto tempo?", questionou.
Representantes dos 27 países membros da União Europeia decidiram na quinta-feira um embargo ao carvão russo e o encerramento dos portos europeus aos navios russos, como parte de uma quinta série de sanções contra Moscovo.
Mas Kiev quer mais, especialmente em relação ao petróleo e ao gás.
O nome dos engenhos explosivos, feitos a partir de garrafas cheias com gasolina ou álcool, foi uma forma de os combatentes finlandeses caluniarem o ministro dos Negócios Estrangeiros soviético Vyacheslav Molotov, arquiteto do pacto de não agressão entre a Alemanha nazi e a URSS.
Volodymyr Zelensky multiplicou as referências à Guerra de Inverno (1939-1940), durante a qual a Finlândia resistiu fortemente à invasão soviética, que tem muitos paralelos com a atual guerra na Ucrânia.
"A guerra da Rússia contra a Ucrânia é decisiva não só para o futuro do nosso país, mas também para todos aqueles que têm uma fronteira comum com a Rússia, como vocês, há 83 anos", disse.
O discurso perante os deputados finlandeses coincidiu com a descoberta de que, hoje de manhã, um avião do Governo russo, um IL-96-300, violou o espaço aéreo finlandês durante três minutos na costa sul do país.
Os sites dos Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros também ficaram indisponíveis temporariamente.
A Finlândia, que tem mais de 1.300 quilómetros de fronteira com a Rússia, está a considerar aderir à NATO após a invasão da Ucrânia, podendo uma decisão ser tomada em breve.
Zelensky tem-se desdobrado em intervenções para líderes internacionais e deputados de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Irlanda ou Reino Unido, estando prevista uma na Assembleia da República portuguesa ainda em abril.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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