Segundo avançou o governador de Donetsk, Pavlo Kirilenko, na rede social Twitter, o número de feridos internados em hospitais também subiu para 98, sendo que muitos estão em estado grave.
O balanço anterior indicava pelo menos 39 mortos e 87 feridos.
Kirilenko culpou os "fascistas russos" pelo ataque de hoje de manhã à estação com mísseis Tochka-U, considerando que se tratou de uma ação premeditada contra a população civil.
As autoridades de Donbass estavam, há dois dias, a incitar a população civil a deixar essas regiões, alertando que as tropas russas estavam a preparar uma grande ofensiva para obter o controlo absoluto da zona.
Por seu lado, o assessor do chefe do gabinete do presidente ucraniano Oleksiy Arestovych assegurou que o ataque foi precedido por um reconhecimento completo do alvo pela Rússia.
"As tropas russas atacaram a estação de comboio de Kramatorsk com um míssil do tipo Iskander. Ataques deste tipo são sempre precedidos por um reconhecimento minucioso do alvo, pelo menos com drones para observar o terreno", disse na rede social Facebook, explicando que os mísseis usados são "muito caros" e seria "muito arriscado um ataque sem preparação".
"Eles [os russos] viram perfeitamente que estavam a atingir civis, que havia milhares de pessoas a tentar sair da estação, entre famílias, crianças e idosos", acrescentou.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assegurou, em comunicado divulgado no Facebook, que este ataque a uma estação ferroviária é a prova de que "a Rússia extermina" a população civil.
A Rússia negou, logo de manhã, que as suas forças armadas tenham realizado o ataque com mísseis à estação de Kramatorsk.
"Todas as acusações de representantes do regime nacionalista de Kyiv de que a Rússia realizou um ataque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk são uma provocação e não correspondem à verdade", disse o Ministério da Defesa, num comunicado publicado na sua página oficial na rede de mensagens Telegram.
"Sublinhamos que os mísseis táticos Tochka-U, cujos restos foram encontrados nas proximidades da estação de Kramatorsk e [cujas imagens] foram divulgadas por testemunhas, são usados apenas pelas forças armadas ucranianas", adiantou ainda.
Entretanto, as autoridades de Kramatorsk anunciaram que vão retirar de emergência os habitantes da cidade e todos os residentes que for possível da região de Donetsk.
"Hoje começamos uma evacuação de emergência, usando todos os transportes públicos e privados. Estamos à procura de motoristas. A partir de hoje, precisamos de 30 a 40 motoristas", afirmou o presidente da câmara de Kramatorsk, Oleksandr Goncharenko.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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