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Ucrânia: "Vi a minha filha morrer e depois fui mantida em cativeiro"

Relato de uma mãe que perdeu o marido e uma filha enquanto tentava fugir da guerra.

Ucrânia: "Vi a minha filha morrer e depois fui mantida em cativeiro"
Notícias ao Minuto

16:35 - 10/04/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Guerra

Nove dias após o início da guerra na Ucrânia, Viktoria e o marido Petro decidiram fugir do país, para garantir a segurança das filhas. Aquilo que seria uma fuga em busca de paz, tornou-se num pesadelo que a mulher jamais irá esquecer.

A história é contada pela própria à BBC, onde revela como num instante perdeu o marido e a filha mais velha.

Segundo Viktoria, a família abandonou a cidade de Chernihiv e fez-se à estrada juntamente com Veronika, de 12 anos (filha do primeiro casamento de Vikoria), e a filha mais nova de um ano.

Enquanto se dirigiam para as fronteiras da cidade, depararam-se com rochas no meio da estrada, que os impedia de continuar. O homem decidiu sair da viatura e ver o que se passava, momento em que ordenou que a mulher e as crianças fugissem. O aviso, veio tarde. 

Um explosivo atingiu a zona onde estes se encontravam e a família entrou em pânico. Viktoria tentou acalmar a filha mais velha e disse-lhe para correrem. Enquanto fugiam, Veronika tropeçou e caiu. "Quando olhei para trás, ela tinha perdido a cabeça", recorda a mãe, revelando o momento em que viu a filha morta.

"Tentei manter a calma porque tinha o bebé nos braços e precisava de chegar a um sítio seguro", recorda a ucraniana, que embora não soubesse ao certo o que acontecera ao marido, estava certa de que Petro também não sobrevivera.

Viktoria e a pequena Varvara acabaram por se esconder dentro de um carro abandonado, mas quando os tiroteios recomeçaram voltaram a fugir. Acabariam por ser interpeladas pelas tropas russas, que as levaram para um abrigo, onde ficaram em cativeiro durante 24 dias. Tratava-se de um pequeno espaço, sem luz, nem casa de banho, onde viviam cerca de 40 pessoas. Ali, Vikoria assistiu à morte de várias pessoas a quem foram negados os cuidados de saúde necessários.

Em declarações à correspondente da BBC, Anna Foster, Viktoria recordou, ainda, o dia em que pediu aos militares russos que recuperassem os corpos do marido e da filha para que pudessem ser enterrados. A 12 de março os militares chamaram-na e anunciaram que poderia ir ver o local onde os corpos seriam sepultados. Viktoria ainda chegou a ver os caixões dos dois, mas acabou por fugir do local, ainda antes de estes serem totalmente enterrados.

Atualmente, Viktoria e a filha bebé estão em segurança em Lviv, na parte ocidental da Ucrânia. A mulher está a ser acompanha por um psicólogo e afirma: "quando estou com pessoas, quando faço algo e comunico, esqueço o que aconteceu. Mas quando estou sozinha, fico perdida".

Questionada sobre o que gostaria de dizer aos responsáveis pela morte do marido e da filha, Viktoria não hesita: "Se tivesse uma oportunidade para matar Putin, matava-o".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,4 milhões para os países vizinhos.

Leia Também: Ucrânia: Mais de 1.200 corpos descobertos na região de Kyiv

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